5 lições valiosas que aprendemos em A Guerra que Me Ensinou a Viver
Depois de uma longa espera, a história de Ada Smith teve sua continuação! A pequena menina inglesa de “pé torto” encantou inúmeros leitores em A Guerra que Salvou Minha Vida, quando Ada e seu irmão, Jamie, escaparam de sua casa em Londres com o grupo de crianças refugiadas para o interior da Inglaterra para ganharem uma chance e evitar os constantes bombardeios alemães. Sob a tutela de uma mulher em luto, Ada e Jamie encontraram a possibilidade de um novo lar onde não seriam mais desprezados ou reprimidos por serem quem são. O processo para isso acontecer foi, no entanto, árduo e a construção de uma relação de confiança embalou o primeiro livro de Kimberly Bradley com doçura e conquistou um espaço garantido em várias estantes pelo mundo.
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Ainda no contexto de guerra, Ada começa seu novo capítulo no hospital. Seu pé finalmente ganharia uma base e ela pararia de sentir dor ao caminhar! O horizonte parecia mais calmo, mais esperançoso. Pelo menos para a menina de onze anos que não entendia bem porque estava vivendo uma guerra. Ela seria como as outras pessoas e, naquele momento, isso era mais importante. Após sua recuperação e a ambientação em uma nova casa, ela, Jamie e Susan, sua guardiã, precisarão conviver com pessoas que nunca acharam que seriam um dia tão próximos. Lady Thorton, uma mulher mandona e um pouco arrogante e mãe da melhor amiga de Ada, ganha destaque na história e passa a deixar os dias da família bem mais agitados. Agora numa casa de quatro pessoas era preciso abrir espaço para mais uma: eles teriam que abrigar uma jovem alemã judia a pedido de Lorde Thorton.
Todos tiveram que trabalhar suas diferenças e preconceitos, vivendo dia após dia com Ruth. Ada, contudo, teve muitas dificuldades – mais que as comuns – para compreender e pensar em aceitar a hóspede. Entretanto, sua chegada e seu convívio trouxeram para a nossa protagonista e para o livro lições preciosas.
É preciso ter tolerância para com as diferenças
“(…)’Não podemos julgar o país inteiro pelo Hitler.’
‘Mas a senhora julga a Ruth pelo Hitler’, retruquei.”
Ruth veio de uma cultura tão diferente que isso por si só já causaria estranheza numa convivência. O fato de ela ser de um país inimigo em meio a uma grande guerra só elevou a décima potência toda a reação dos personagens. A cabeça de Ada deu mil voltas a cada pergunta respondida sobre Ruth, seja por ela ou pelos outros. Eram tantas novas coisas a se aprender… Era necessário ter paciência e persistência para entender esse novo mundo que habitava a sua casa, assim como, compaixão e gentileza para garantir o respeito mútuo. Um processo bem difícil para Ada com a sua teimosia e cabeça dura, mas incrível de se acompanhar para nós leitores.
Não pressupor que se saiba tudo sobre algo, alguém ou todas as coisas
Eu acabei de mencionar que Ada era teimosa, não é? Pois bem, ela não era a única. Lady Thorton também precisou trabalhar sua tolerância e seus conceitos com a chegada de Ruth. Já dizia Sócrates: só sei que nada sei. O verdadeiro aprendizado floresce numa mente aberta a novas perspectivas. Em um período tão complicado quanto durante uma guerra, a flexibilidade e a tolerância são ainda mais necessários. São obrigatórios, pois o mundo é muito mais complexo do que o nosso horizonte.
Seja @ maior inimig@ e especialista sobre aquilo que te assusta
“Se começasse a me permitir a sentir medo, jamais conseguiria parar.”
Seja por orgulho ou por coragem, Ada se recusa a sentir medo. Ao seu ver, ela precisa cuidar de seu irmão e de Susan e para isso não pode se assustar com nada. Não importa que esteja rolando uma guerra com bombardeios lá fora, ou que não entenda diversas coisas e palavras do mundo. Ela tem responsabilidades e pessoas a quem ama que precisam estar seguras. Ler a coragem de Ada nos faz sentir mais inspirados a sermos mais corajosos também. É contagiante.
Não faz mal desistir de vez em quando
Agora, em A Guerra que Me Ensinou a Viver, há limites e Ada não consegue enxergá-los em alguns momentos. Demora um pouco para nossa protagonista perceber que algumas vezes a responsabilidade não é dela – que ela deveria ser a criança que ela é – e que está tudo bem em dar um passo para trás e abrir mão de algo, desistir. Não somos a escória da humanidade ao desistirmos de das coisas que nos sobrecarregam. Nós, como Ada, também temos limites e precisamos respeitá-los.
Valorize àqueles a quem você ama
Por fim e inevitavelmente, nós acompanhamos Ada em seu aprendizado sobre o amor. Para mim, A Guerra que Me Ensinou a Viver é acima de tudo uma história de amor – que não precisa ter um casal para ser. Ada começa a entender pouco a pouco o que é o amor e como é necessário valorizá-lo. Em meio a um período histórico cheio de perdas e escassez, é essencial e ao mesmo tempo muito difícil que sejamos honestos sobre nossos sentimentos, pois nunca sabemos quando tudo pode mudar.
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A Guerra que Me Ensinou a Viver tem um título um pouco diferente da sua versão original, The War I Finally Won (A Guerra que Eu Finalmente Venci, em tradução livre), mas faz muito sentido pensando agora. Nós aprendemos a viver junto com Ada, sua família e seus amigos. O título pode ter começado como uma definição da história de Ada, porém termina também como um resmuno do nosso processo de leitura.
É uma história maravilhosa, uma continuação encantadora e um livro impecável. Se pelas lições acima você não se interessou para começar essa série (cadê seu coração?), vai por mim, segue esse conselho final. Conheça Ada e se cative por essa saga, por esse aprendizado. Quem sabe as lições não falarão mais alto então?