Uma Dobra no Tempo - destaque
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Uma Dobra no Tempo | HQ x Filme

Sempre fui uma pessoa voltada para as áreas das humanas. Línguas, geografia, história e literatura eram as minhas especialidades. Totalmente o contrário de Meg Murry, a protagonista de Uma Dobra no Tempo, primeiro volume da série dos Murry desenvolvida pela americana Madeleine L’Engle.

Se para Meg os números fazem mais sentido, eu me perco facilmente nessa lógica tão exata e complicada que é o mundo das exatas. Portanto, para eu gostar de uma história que envolve uma ideia de física e astronomia ela precisa viajar um pouco pela magia. E é justamente o que Uma Dobra no Tempo faz.

Uma Dobra no Tempo - detalhe

A história de Meg

O pai de Meg, Dr. Murry, um cientista renomado, permanece desaparecido após quatro anos, sem qualquer notícia de seu paradeiro desde então. Meg tem entrado em problemas na escola, seus irmãos gêmeos não são a melhor companhia e o mais novo, Charles Wallace é o seu único refúgio. Ele é com toda certeza excepcional e Meg o ama muito.

Quando uma senhora curiosa surge em sua casa no meio de uma tempestade na madrugada, Meg se espanta com a familiaridade de Charles Wallace para com ela e obviamente se assusta. No entanto, a Sra. Quequeé e Charles Wallace tem planos para Meg: uma missão para resgatar seu pai aonde quer que ele tenha parado. Mas, talvez a missão seja um pouco maior e mais crucial do que todos eles esperavam que fosse.

L’Engle e a super-realidade

A história de Uma Dobra no Tempo se baseia naquilo em que Aquamarine (2006) considera a coisa mais próxima da magia que conhecemos: o amor. Todas as questões da física se embaralham com o laço bonito e profundo de Meg e sua família numa narrativa um tanto simples, mas muito bonita e tocante.

Contudo, histórias de amor, infelizmente, não impactam tanto quanto antigamente. Para atrair e manter a atenção do leitor era preciso um pouco mais, algo que fugisse do comum. Então, por que não uma viagem espacial? Sem foguetes, no entanto, afinal o homem nem tinha ido à Lua ainda. O lado extraordinário de L’Engle vive em sua imaginação e graças às suas palavras constrói moradia nas outras mais de cada leitor. Sua fantasia e beleza irradiam e se tornam ainda mais palpáveis com a chegada do quadrinho.

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A visão de Hope Larson

Escrito em 1962, o primeiro volume da série dos Murry foi adaptado para quadrinho em 2012 por Hope Larson. Tanto os traços quanto as decisões do que entraria na HQ me pareceram bem sábias. Nada da história ficou sem sentido, e a HQ soube fazer o leitor sentir toda a empatia, a crítica e, principalmente, o amor que acredito que L’Engle quis que sentíssemos em sua obra. As cores de Jenn Manley Lee só colaboraram para essa catarse. O tom de azul – ou verde água se preferir – que remete muito a calmaria se contrasta com os traços em preto de Larson e mostram de maneira muito bem feita as contradições entre o belo e a tensão da história.

Ava DuVernay e sua própria dobra no tempo

Neste ano, a história de L’Engle migrou para uma nova mídia. Sob a direção da maravilhosa Ava DuVernay, lá estava nos telões de vários cinemas ao redor do mundo com ninguém mais, ninguém menos que Oprah Winfrey, Reese Witherspoon, Mindy Kaling e Chris Pine.

Uma Dobra no Tempo nos cinemas pode não ter tido o melhor roteiro da história, mas sem dúvida foi uma explosão de beleza visual. Tanto nas maquiagens quanto no figurino, porém com todo o destaque merecido e voltado para os efeitos especiais.

A adaptação da narrativa, contudo, deixou um pouco a desejar. Senti muita falta da parte da Tia Criatura, tão crucial para o amadurecimento da nossa protagonista. Ainda assim, preciso frisar que adorei a atriz principal, Storm Reid, que dá vida a uma Meg um pouco diferente da história em quadrinho, só que sem perder a essência da personagem.

HQ x Filme: o Veredicto

Os dois acabam sendo obras bem diferentes. Embora sejam mais visuais que o livro, o filme tem mais liberdade e tecnologia para uso, enquanto a HQ é mais limitada. Ainda assim, o mais importante é que a mensagem de Uma Dobra no Tempo, delicada e necessária, não se perdeu em nenhuma das duas. Releria e veria a história de Meg Murry em qualquer lugar, a qualquer momento.

Curiosidades:

Semana DarkSide Books

Apaixonada por música, cinema, moda e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte.

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