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Bridgerton: Crítica da 1ª temporada | Diagnóstico

Inspirada na série de livros Os Bridgertons, da escritora americana Julia Quinn, a série Bridgerton chegou na Netflix no último Natal depois de muita, mas muita expectativa. Os fãs dos oito irmãos da família Bridgerton mal podiam esperar para a chegada da adaptação no streaming. Desde o anúncio que Shonda Rhimes seria a responsável pela produção executiva da série até o último trailer, nós ficamos contando os dias, as horas e os minutos para apertar o play. 

Plot da Temporada

Os irmãos Bridgertons são uma família muito bem vista pela sociedade londrina do início do século XIX. Filhos de um falecido e respeitado visconde, os oito irmãos são invejados pela sua beleza, simpatia e carisma. Anthony, o filho mais velho e agora visconde, é responsável pelo bem-estar de suas irmãs mais novas, em especial Daphne que frequenta as temporadas de bailes em busca de um pretendente aceitável para se casar. Seu irmão, é claro, precisa aprovar tal acordo, mas ela sonha com a possibilidade de se casar por amor, assim como seus pais. 

Logo no primeiro episódio, ao ser apresentada para a Rainha Carlotta junto com outras inúmeras jovens da sociedade, Daphne Bridgerton chama atenção da monarca que a considera o diamante da temporada. Esse novo “título” cai na boca do povo graças a uma publicação bastante peculiar: a coluna de fofoca da Lady Whitlesdown. A misteriosa autora mantém toda a sociedade – inclusive a própria rainha – dos acontecimentos mais escandalosos e impactantes das importantes famílias da época. 

Assim, muito se é esperado de Daphne Bridgerton, ou seja, ela deveria arrematar os melhores dos melhores pretendentes. Contudo, seu irmão não deixaria isso acontecer tão facilmente e, de diamante, Daphne quase chegou a ser o maior erro da rainha. Até, obviamente, conhecer Simon Basset, o Duque de Hastings, sua versão masculina da temporada, e fecharem um acordo precioso: fingir que estão juntos para espantar as mães casamenteiras do duque e atrair novos pretendentes para Daphne. E é aqui que a aventura começa.

Impressões de Bridgerton

Bridgerton é uma série simplesmente perfeita. Mas vamos com calma. Afinal, não podemos colocar a carruagem na frente dos cavalos, não é mesmo? Primeiramente, vamos direto ao ponto: Bridgerton é uma adaptação e, por isso, vai sofrer críticas sobre a forma da qual saiu das páginas de um livro para as telas da Netflix. Ainda assim, é preciso reforçar que são duas mídias muito diferentes e mudanças são necessárias para criar boas obras em ambas as formas. Bridgerton, por sua vez, consegue fazer essa transição brilhantemente.

De maneira geral, a primeira temporada trata da história do primeiro livro, O Duque e Eu, onde Daphne e Simon são os protagonistas. Mesmo assim, nós conseguimos ver o trabalho em cima de outros plots e outros personagens que estão, por exemplo, no quarto livro, Os Segredos de Colin Bridgerton. Ver os pedacinhos das outras histórias é um grande presente para os fãs porque, pela primeira vez, a simultaneidade das tramas fica evidente para o público. Não somos somente atualizados numa próxima temporada, assim como nos livros.

Um elenco primoroso

Mudando de assunto… O elenco de Bridgerton é incrível. Todos mostram uma química maravilhosa e, apesar de alguns ficarem um pouco de lado por causa do protagonismo de Daphne e Simon, cada personagem se faz memorável. Isso porque existem tantas histórias por vir que eles precisam mostrar potencial. Os irmãos Bridgertons são super entrosados, carinhosos e presentes como nos livros. O Duque é maravilhoso e dono de uma profundidade que seu personagem pede no livro desde a página um. 

A escolha do elenco foi um ponto certeiro em Bridgerton e trouxe à tona uma questão central: a presença de aristocratas negros na sociedade londrina. Em uma época em que o Brasil era permeado pela escravidão, a Inglaterra tinha uma rainha consorte negra. Sofia Carlotta reinou sobre o Reino Unido até 1818 e tinha fortes traços genéticos de ascendência africana. Em um discurso poderoso sobre o destino de Simon, a icônica personagem Lady Danbury elucida a importância dessa rainha e das oportunidades que vieram com ela estar no poder. Trazer diversidade para o elenco de Bridgerton não foi só a coisa certa a fazer – porque o mundo é diverso mesmo que muitos esqueçam -, também foi uma correção do imaginário dos leitores que pensam demais em um romance de época embranquecido.

Bridgerton por fim

Como se não fosse suficiente ter um elenco impecável, os cenários e os figurinos completaram maravilhosamente bem essa adaptação. Tanto que a cada episódio nós éramos transportados para a Inglaterra do século XIX como um passe de mágica. Por falar em mágica, a ambientação em geral da série é algo realmente fora desse mundo. O romance é realçado e os sentimentos gritam, porém sem encararmos algo super meloso.

Como a cereja no topo do sundae, temos uma trilha sonora surpreendente: quem pensaria que Ariana Grande preencheria os bailes de época? Ou ainda Billie Eilish? Pois bem, apure seus ouvidos durante os episódios e você as encontrará. E, de quebra, temos Julie Andrews como a narradora de Lady Whistledown. Shondaland: pensa em cada detalhe.

 Diagnóstico:

Bridgerton é brilhante, como eu disse mais acima. Temos drama, romance, mistério e comédia. Tudo embalado para presente em vestidos de seda e laços de cetim. É uma adaptação fiel, com as modificações necessárias sem acabar com a essência da história desses irmãos que é tão querida por nós. Foi um excelente presente para esse Natal tão atípico que você pode assistir e reassistir sempre que quiser.

Agora, um bônus…

E essa parte terá grandes spoilers.

O que esperar para o futuro de Bridgerton?

Apesar de não ter um anúncio oficial sobre a renovação da série, ao que tudo indica seria que a série ganhará uma segunda temporada que tem previsão de estreia para dezembro de 2021. Contudo, não coloquem na agenda porque podem precisar de um corretivo, afinal é bastante comum que a Netflix postergue a produção de novas temporadas. Ainda assim, é ótimo ter essa perspectiva, não é?

Dito isso, preciso comentar sobre alguns pontos da história com mais detalhes. Primeiro, preciso falar sobre Anthony. Quem leu o segundo livro da série, sabe que Anthony tem um grande segredo que o impede de se casar – assim como Simon. Mas eu não me lembro dele estar apaixonado por uma cantora em nenhum lugar da história. Como Kate é uma das minhas personagens favoritas e o livro de Anthony é um dos mais queridos pela público, me assustou um pouco que coloquem um par romântico para ele na temporada. Contudo, no final desse plot foi meio trágico, pode ser que tenha sido uma estratégia para a segunda temporada que, se seguir a ordem dos livros, deve ser focada nele. Acredito fortemente nisso principalmente pela sua última frase na temporada.

Em paralelo, Colin da início a sua leva de viagens como tratado no livro e esse é um fato crucial para os seus segredos em seu livro. Além disso, é bastante pertinente para a sua história de amor com Penelope. E, sim, já vamos falar sobre ela, a grande revelação da temporada. Mas primeiro queria deixar claro que gostei muito da base do desenvolvimento de Benedict e sua arte. Tudo é um pouco exótico demais para ele, mas acredito que tenha dado o primeiro passo, aquele start essencial para ser o grande pintor do livro.

Por fim, Penelope. Eu amo a Penelope. Meu coração ficava em pedacinhos a cada investida que sua prima dava para conquistar Colin e garantir que seu bebê tenha um pai. A pobre Penelope, apaixonada por ele, só sofria e tentava impedir que tudo acontecesse. Embora a trama da família Fethearington tenha sido mais trabalhada que nos livros – e eu amei isso -, Penelope continua o grande destaque daquele clã estampado e chamativo. Ela é uma menina sábia, dedicada e carinhosa. Adorei ver a amizade dela com Eloise. E, principalmente, amei ver que eles mantiveram a escolha de Julia Quinn e declararam Penelope como a Lady Whistledown. Mas fico me perguntando: será que valeu a pena revelar a identidade da autora tão cedo assim? Isso, meus amigos, só saberemos no próximo episódio.

Leia também: Resenhas de Os Bridgertons

Apaixonada por música, cinema, moda e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte.

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