Assassinos da Lua das Flores: a “minissérie” de Scorsese | Crítica
O mais novo filme do lendário diretor do cinema americano, Martin Scorsese, chegou recentemente nos cinemas. Assassinos da Lua das Flores conta a história dos assassinatos de membros da tribo Osage durante a década de 1920. Donos de uma larga fortuna graças ao petróleo que encontraram após migrar para a região de Oklahoma, a tribo Osage foi pouco a pouco dizimada em condições misteriosas que motivou o envolvimento do recém-criado FBI de J. Edgar Hover.
Assassinos da Lua das Flores: a família que levou 3 horas e meia para acabar com suas próprias vidas
Bom, foi um pouco mais. A questão é que Scorsese escolheu três horas e meia como duração final de seu filme, defendendo que o cinema não pode sucumbir ao movimento de “encurtamento” que, por exemplo, a indústria da música tem sofrido. Atitude curiosa para um senhorzinho que frequentemente está nos vídeos da filha no Tik Tok. Mas, será que tanto tempo era necessário? Para mim, não. Primeiro porque não há coluna que se sinta confortável sentado durante esse tempo todo. Não é à toa que antigamente filmes com essa duração tinham intervalos.
A questão é que a duração do filme ficou bem evidente com trechos que, honestamente, não são tão necessários assim. Não foi um filme que te prendia e não te dava vontade de ver quanto tempo passou no relógio, sabe? O ritmo de Assassinos da Lua das Flores é lento, cansativo e bastante arrastado.
Ainda assim, há pontos positivos.
Embora a duração do filme tenha sido um ponto negativo para mim, é inegável que é uma obra bem feita. O figurino, por exemplo, montado para a caracterização da tribo Osage é simplesmente perfeito. O cenário de todos os núcleos do filme é extremamente bem construído, que realmente te coloca naquele marasmo perigoso da Oklahoma da década de 1920.
O elenco trabalha absurdamente bem. Leonardo DiCaprio interpreta Ernest Burkhart, sobrinho trouxa do maquiavélico William Hale, que, por sua vez, é interpretado por Robert De Niro. Sim, Scorsese trouxe seus xodós para o mesmo filme. Mas, o destaque do elenco fica com Lily Gladstone, que fez o papel de Mollie Burkhart, esposa de Ernest e parte da família Osage de quatro irmãs Brown. Ela lida com o luto, o medo pela sua tribo, a desconfiança de tudo e todos e a relação com seu marido.
Contudo, após ver o vídeo da Duda Menegheti, concordei com ela. Toda a narrativa do filme é focada em Ernest o tempo inteiro. Talvez tivesse sido mais interessante, principalmente para o público feminino, ver mais do olhar de Mollie na obra. Sem falar queacredito que traria mais dinâmica também. Entretanto, explorar o universo masculino sempre foi um traço da obra do Scorsese, assim não é uma surpresa.
Sobretudo, o mais importante da obra inteira é a maior visibilidade ao povo indígena norte-americano, com foco nos Osage. Um povo tão grande no início do século passado e hoje, tão menor graças a ganância exploratória e invasiva do homem branco. Scorsese, inclusive, fez questão de contatar integrantes do povo Osage e envolvê-los em consultorias, decisões do roteiro e no trabalho em frente e atrás das câmeras, garantindo que o foco do filme seria no povo e não no trabalho do FBI.
E, com certeza, ele vai de Oscar
Afinal, todo filme sobre a história dos Estados Unidos brilha no Oscar (ainda assim, prefiro Oppenheimer). E, como eu disse, é um filme muito bem desenvolvido. Só questiono a escolha de duração com cenas que poderiam ser encurtadas ou cortadas em geral. Mesmo assim, fiquei curiosa para ler o livro que inspirou o filme e aprender mais sobre a tribo Osage, tão importante na história norte-americana.
Ficha Técnica:
Direção: Martin Scorsese
Elenco: Leonardo DiCaprio, Robert DeNiro, Lily Gladstone, Brendan Fraser, Jesse Plemons
Ano: 2023
Origem: Estados Unidos