Enola Holmes: uma detetive fora dos padrões | Diagnóstico

No seu aniversário de dezesseis anos, Enola Holmes (Millie Bobby Brown) recebe o pior presente de todos: sua mãe, sua melhor amiga, professora e companheira, desapareceu. Durante toda a sua vida, Enola idolatrava a mãe. Aprendeu tudo o que pode com, eram unham e carne. Então, quando ela se viu sozinha, nada fazia sentido. Era uma situação tão única que seus irmãos mais velhos, que ela não via há anos, retornaram a sua casa da infância. Mycroft e Sherlock Holmes vieram para encontrar sua mãe e virar a vida de Enola de cabeça para baixo.

Enola Holmes: uma moça em fuga

Quando fica claro para Enola Holmes que precisará se mudar para um internato de formação de damas, ela foge. E aí sua aventura começa. Ela esbarra num jovem marquês que, olha só, também está fugindo da sua família. Porém, o que ele não esperava é que ele é o novo alvo político, marcado para morrer. Isso porque uma importante reforma está para ser votada na Câmara dos Lordes e, após a morte do seu pai, ele será o responsável pela cadeira e voto dele no evento.

O pano de fundo político

A época em que Enola Holmes vivia foi de muitas mudanças políticas na Inglaterra. O final do século XIX e início do século XX foi marcado por um avanço tecnológico, além da expansão de ideologias políticas divergentes, revoltas trabalhistas e, o assunto mais tratado no filme, o sufrágio feminino. Enola Holmes conseguiu de forma leve e divertida tratar de assuntos políticos bem importantes. Ainda que sem aprofundá-los ou mostrá-los de forma trágica, indicou um novo padrão: afinal, por que não incluir ideias cruciais para a sociedade numa comédia romântica?

Nós continuamos vendo ela desenvolver suas habilidades de detetive ao mesmo tempo que acompanhamos a sua postura libertária, individualista e voraz por conhecimento. Em um momento em que comportamentos como esses eram reservados para o homem e repreendidos nas mulheres.

A família Holmes

Nos livros de Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes e seu fiel amigo Dr. Watson, não existe uma irmã mais nova. Enola é criação da autora Nancy Springer, que além de O caso do marquês desaparecido, inspiração para a produção da Netflix, deu outros cinco casos para a jovem detetive. Atualmente, a editora Versus lançará Enola Holmes: O caso do marquês desaparecido no início de outubro.

No filme, Henry Cavill entrega um Sherlock Holmes atípico. Preciso confessar que não li muitos livros do personagem, mas com o que li e as adaptações que assisti, eu estranhei um Sherlock tão… amável. Ele começa o filme um pouco distante e sério, como estamos acostumados, mas Enola parece amolecer o seu coração de uma forma que modifica a essência individualista de Sherlock. Talvez seja pela atmosfera mais fofa do filme, contudo tive que ressaltar esse meu estranhamento.

Por outro lado, Mycroft, ao invés de cansado, conveniente e preocupado com as loucuras de Sherlock, temos um irmão mais velho orgulhoso, resmungão e um tanto caricato. Sam Claffin interpreta muito bem esse papel, só não sei se seria o Mycroft dos livros. Porém, mais uma vez, pode ser uma releitura, uma adaptação para a adaptação.

A Londres do século XIX

Eu preciso destacar que me apaixonei pelo figurino e pelo cenário de Enola Holmes. O filme conseguiu nos inserir naquele ambiente caótico, onde o futuro e o passado se misturavam em ruas confusas permeadas de gente e carruagens. Os vestidos de Enola, junto com suas críticas ao espartilho, me encantaram. Inclusive, ela vestida de homem trouxe um novo tom para a história.

Elementar, Enola Holmes

Enola Holmes é uma adaptação onde Sherlock encontra Nancy Drew, a jovem detetive americana. Millie Bobby Brown nos faz esquecer da Eleven de Stranger Things e mostra sua faceta mais brincalhona quebrando a quarta tela constantemente, nos fazendo gostar mais e mais da protagonista. O filme tem um pouco de tudo: suspense, ação, romance, drama familiar, crítica social e ainda é perfeito para um sábado à noite com os amigos (assim que isso for possível de novo).

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