O fim dos cinemas: o atípico lançamento do live-action de Mulan
No dia 04 de agosto, a Disney+ anunciou que a mega produção Mulan, live-action da animação de 1998 que teria sua estreia em março deste ano, será lançada principalmente pelo serviço de streaming.
Cobrando a taxa de U$ 30,00 pelo aluguel do filme, a empresa confirmou que no dia 4 de setembro assinantes do serviço terão acesso a adaptação. Em países que não tenham a Disney+ e já estejam com seus cinemas liberados, Mulan será lançado em alguns cinemas.
Aqui, meus amigos, é que eu te pergunto: e agora, José?
O fim dos cinemas?
Mulan é um live-action aguardado há anos. Graças a pandemia, sua estreia foi adiada no mundo, assim como muitos outros filmes. Os fãs da guerreira chinesa, no entanto, não perderam as esperanças nem quando a Disney anunciou a suspensão do lançamento – para soltar essa bomba depois.
Eu fico me perguntando: se todos os blockbusters abandonassem os cinemas? Quanto tempo essa experiência tão única resistiria? O setor cinematográfico já atravessa um período de crise por causa do isolamento social. Se a atitude tomada pela Disney inspirar muitos outras produtoras, eu sinto que as salas de cinema – já escassas – virariam um mercado de nicho em subsistência.
No mundo dos livros, é preciso compreender que são os best-sellers que sustentam o mercado editorial para que este possa lançar livros que não terão o mesmo potencial de venda e lucratividade. Analogicamente, o cinema funciona da mesma forma. Por isso, me pergunto quanto tempo as redes durarão se todos os blockbusters não estivessem mais disponíveis para venda. Me pergunto ainda como nós, cinéfilos, amantes da pipoca e da grande tela, ficaremos, órfãos desta instituição.
Além disso, olha esse preço
O serviço Disney+ foi inaugurado no ano passado nos Estados Unidos e atualmente tem o custo de sete dólares para os assinantes do país. Quando transferimos para o equivalente em real, o preço da assinatura estaria cerca de 37 reais. Com o aluguel de Mulan, o preço da assinatura mais o filme chegaria perto de duzentos reais. O brasileiro já não vai aos cinemas porque o valor do ingresso é bastante ingrato para o poder de compra da nossa sociedade. Ele muito menos pagará essa quantia absurda para ver um único filme sem o mesmo poder de experiência que uma ida ao cinema oferece.
A Disney+ tem previsão de chegada no Brasil em novembro deste ano, contudo a operadora Claro acusa o serviço de não seguir as regras dos serviços audiovisuais de assinatura no país. De acordo com a lei, para funcionar no Brasil um serviço de streaming ou TV por assinatura precisa ter uma cota de produções nacionais.
Mulan e a frustração dos fãs
Desde o anúncio que uma adaptação desse queridíssimo desenho foi confirmado, cada notícia tem desapontado os fãs. Primeiro, não teríamos mais personagens emblemáticos como Mushu e Li Chang, depois não teríamos as músicas. Eu não vou nem entrar no absurdo que foi cotar Scarlett Johanson para o papel de uma guerreira CHINESA. Com o lançamento do trailer, porém, uma chama reacendeu dentro de nós.
Recentemente ainda, Christina Aguilera lançou uma música para a trilha-sonora assim como fez para a animação. E nós, fãs brasileiros, surtamos ainda mais porque a canção ganharia uma versão em português cantada pela Sandy, que também integrou a trilha do desenho.
Por tudo isso, o fã de Mulan vive numa montanha-russa de nostalgia e revolta que culminou numa queda-livre sem cinto de segurança. Com essa notícia e a situação atual da pandemia no país, dificilmente veremos Mulan nas grandes telonas. Na verdade, com o preço pedido pelo streaming dificilmente veremos Mulan e ponto.