Colette
Críticas

Diagnóstico | Colette e a descoberta da liberdade

Lançado em 2018, Colette é um filme baseado na vida da escritora francesa de mesmo nome que, sob o nome do seu então marido, Willy, hipnotizou a França com as aventuras de Claudine. A cine-biografia apresentou ao resto do mundo essa escritora corajosa que desafiou a sociedade contemporânea da Belle Époque, destilando talento e gosto pela liberdade.

O início de Colette

Colette

O filme estrelado pela maravilhosa Keira Knightley foca no início da vida de casada e da carreira de Colette. Henry Gauthier-Villars, ou Willy, como era chamado, foi um escritor de ideias, mas não de palavras. Constantemente usando ghost writers, para fazer sua “fábrica” funcionar, Willy era um homem complicado. Ele gostava de atenção e era sempre carismático, ao mesmo tempo se revelava ciumento e egoísta.

O casamento com Colette pode ter começado por amor, porém rapidamente se mostrou por interesse. Quando seus escritores o desafiaram por falta de pagamento, ele incentiva Colette a escrever para ele. Dali nasceu Claudine, o qual, a primeira vista, ele não gostou. Naquela época, Colette, ainda Gabrielle, fazia de tudo para agradá-lo, apreciando a falsa liberdade que ele a proporcionava.

Com o sucesso de Claudine, os problemas se alarmaram. As dívidas aumentaram junto com os exageros e vícios de Willy e, simultaneamente, o comportamento abusivo para com Colette, chegando a trancá-la no quarto para forçá-la a escrever o restante da saga de Claudine.

A falsa liberdade abre as portas para a verdadeira

Colette

Colette demonstrava interesse por homens e mulheres. Ao passo que Willy considerava seu envolvimento com homens uma traição, com mulheres, por sua vez, era um grande fetiche. Mal sabia ele que esse primeiro passo foi o gás para Colette se descobrir e lutar pelo seu lugar no mundo.

Foi o seu relacionamento com uma mulher – para a sociedade, mas é bem claro para o espectador que Missy é um homem trans – que ofereceu a Colette uma nova visão de mundo. Além disso, ao público, uma personagem muito interessante. Missy foi o interruptor para toda a luz da escritora, para toda a sua luta pelos seus direitos como dona de Claudine.

O filme

Colette

Como filme, Colette entretém e é maravilhoso ao mostrar diversas críticas a sociedade da época. Muitas delas, inclusive, permanecem infiltradas até hoje nos nossos costumes. Dos direitos da mulher, passando pelo companheirismo no matrimônio, ao preconceito sofrido pelas pessoas que são minimamente diferentes do que a sociedade considera como “certo”, Colette entrega diálogos precisos que funcionam bem ao seu objetivo.

É claro que o destaque do filme vai para Keira Knightley. Como se houvesse algum personagem que ela não fizesse bem, não é mesmo? A atriz mostra uma Colette forte, cheia de imaginação e vontade de viver. Não nos perde em nenhum momento e facilmente molda em nossas mentes como foi a escritora – pelo menos como achamos que ela tenha sido.

O filme nos inspira a conhecer mais a história de mulheres como ela: desbravadoras, corajosas e reais.

Colette nos dias de hoje

Colette

Colette foi casada algumas vezes. Atuou em teatros pela Europa. Escreveu uma trilogia de sucesso. Ganhou a batalha por sua autoria. Era abertamente bissexual em um momento em que isso era praticamente impossível. Não teve medo de ser quem queria ser.

O que mais me entristeceu ao pesquisar para escrever esse post foi que sua trilogia de sucesso não foi publicada no Brasil. Há somente os livros em francês e em inglês disponíveis para venda e outros livros da autora. A curiosidade foi por água abaixo enquanto o dólar escala a cachoeira acima, não é? Fica aqui então o meu apelo às editoras brasileiras: tragam Colette para nossas terras.


Livros da autora disponíveis no Brasil: A Ingênua Libertina | Cherri | A Vagabunda


Apaixonada por música, cinema, moda e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte.

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