O Quebra-Nozes | Notalgia, aventuras e espírito natalino

O Natal guarda um grande potencial para criar as melhores memórias familiares que uma pessoa pode ter. No meu caso, me lembro de um período natalino específico em que viajei com meus avós e minha mãe para uma cidade serrana, fria que só, e, quando dava quatro horas da tarde, eu e minha avó tomávamos um café quentinho e assistíamos TV. No dia 25 de dezembro daquele ano, foi o dia que o momento do café nos fez conhecer uma história encantadora: O Quebra-Nozes.

Era um Natal no meio da semana em 2001 e a Sessão da Tarde nos levou para as aventuras da boneca Barbie atrás da derrota do Rei Rato acompanhada do fiel amigo, o Quebra-Nozes. Eu estava animadíssima em ver a minha boneca na TV e minha avó adorou o balé. De lá para cá, assisti mais algumas vezes com ela nos anos que se seguiram – nem precisava ser Natal. Queria ter visto ainda mais, principalmente agora que minha companhia se foi.

Essa adaptação infantil que me inspirou tanto carinho e nostalgia teve sua obra de origem lançada pela Editora Zahar na Coleção Clássicos Zahar numa edição de bolso linda demais no final deste ano. Estava ali a perfeita oportunidade de começar a ler livros que se passam no Natal durante a época das comemorações. Enquanto você lê este texto, confesso que ainda não terminei de ler o livro. Ele é, como vocês puderam ver nos parágrafos acima, uma história muito especial para mim e quero passar por ele sem pressa, aproveitando cada página, cada ilustração.

Uma menina ganha de presente de Natal um quebra-nozes um tanto feio, mas vestido lindamente. Ela cuida dele com carinho e o coloca em seu armário de brinquedos. Quando, à meia-noite da virada para o dia de Natal, ela é acordada por barulhos estranhos e assustadores, ela levanta de sua cama para encontrar seu padrinho agachado perto do relógio de parede e um exército de ratos entrando pela sala, liderado pelo Rei Rato e suas sete cabeças. Seus brinquedos, então, ganham vida para combater a invasão sob às ordens de ninguém mais, ninguém menos que seu precioso Quebra-Nozes. Marie – também conhecida como Clara em algumas versões – é levada para uma aventura cheia de magia, reinos e batalhas épicas que envolvem o leitor do começo ao fim.

Decidi escrever este texto sobre O Quebra-Nozes para vocês como uma apresentação. A edição da Zahar é bastante completa, como sempre. Nela encontramos duas versões da história: a de Alexandre Dumas, a mais famosa, e a de E.T. A. Hoffmann, a original. Ambas, no entanto, nos transportam daquela visão de Natal norte-americana vendida pelo mundo como a mais mágica. E adentramos numa Alemanha com tradições próprias tão preciosas quanto bonecos de neve e competições pela melhor decoração da rua.

Muitos conhecem a história de Clara/Marie e seu Quebra-Nozes graças ao balé. O espetáculo de Tchaikovsky foi o propulsor da imaginação de Hoffmann para o mundo. É uma montagem belíssima, que um dia verei ao vivo – tenho fé. O mais engraçado e triste é que a primeira apresentação, encomendada como uma peça para crianças, não deu tão certo quanto o esperado e o compositor acabou morrendo antes de ver o sucesso do seu trabalho chegar. Foi só na década de 1960, com a produção de Yuri Grigorovich, pelo Teatro Bolshoi, de Msocou que O Quebra-Nozes ganhou fama internacional e se tornou um clássico da dança.

Como eu sei de tudo isso? Não, não foi o Google pesquisar. Como eu disse, a edição da Zahar de O Quebra-Nozes é muito completa. O prefácio de Priscila Mana Vaz nos coloca na trajetória da origem, criação e repercussão dessa história de Natal no mundo. Meu conselho, inclusive, é ler após as duas narrativas. Assim, qualquer micro spoiler – caso você não conheça a história – passara em branco.

O Quebra-Nozes é uma história mágica para mim. Isso porque traz a tona a nossa mais bonita forma de magia: o amor. Como se não fosse o suficiente, nos dá um conto de fadas sem clichês de princesas e, sim, uma história aventureira sobre espírito natalino. Essa é a minha recomendação de Natal para vocês. Feliz Natal!

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