Anne With An E - Segunda Temporada
Diagnóstico,  Séries

Diagnóstico | “Anne With an E”, transbordando tolerância e delicadeza

Depois do que pareceu uma eternidade, a Netflix nos agraciou novamente com a continuação da história da agora Anne Shirley-Cuthbert (Amybeth McNulty), a menina ruiva de palavras grandes que impactou a pequena cidade de Avonlea após os irmãos Cuthberts a adotarem em Anne With An E. Com seu passado difícil e sua paixão pela vida, Anne viu mais do que uma criança deveria e disse tanto o quanto o seu espírito e garganta deixaram.

Aqui vem os spoilers!

A segunda temporada trouxe a protagonista de volta após um cliffhanger bastante tenso. O ajudante adorável da fazenda, Jerry (Aymeric Jett Montaz), tinha sido espancado em um beco na cidade e roubado por dois homens que acabam se hospedando em Green Gables. Em um jantar que para nós é um martírio, mas para os Cuthberts só desconfortável pela presença de estranhos. Simpáticos, mas desconhecidos.

Cena de Anne With An E

Plot da Temporada:

Green Gables se tornou uma pensão para ajudar com as dificuldades financeiras da família. Contudo, a próxima colheita está prometendo ser boa e os dois hóspedes são o suficiente para que a fazenda funcione e, se tudo der certo, prospere. Para a nossa surpresa, eles não foram desmascarados de cara, e continuaram a morar com os Cuthberts por mais tempo do que prevíamos. Mas, uma vez mal caráter, é bem difícil deixar de ser e a dupla acaba montando um esquema que não deve só afetar Green Gables como toda a Avonlea. 

A segunda temporada de Anne, ao contrário da primeira, traz mais plots e diferentes núcleos. Além dessa dupla interesseira, nós acompanhamos Anne e seus amigos em histórias peculiares. Lembram da menina mais velha apaixonada pela professor? Ou quem sabe do encantador Gilbert (Lucas Jade Zumann), por quem Anne tem uma queda? Prissy Andrews (Ella Jonas Farlinger ) toma um rumo quanto ao seu relacionamento com o professor, enquanto Gilbert busca por seu lugar no mundo trabalhando em um navio que cruza o Atlântico. Para enriquecer mais ainda a série, novos personagens são somados a história e, é claro, o destaque vai para 

Impressões:

Para aqueles que se encantaram com a primeira temporada (eu! presente!), era quase impossível que a segunda alcançasse o seu nível de qualidade. Pois o impossível aconteceu e o retorno de Anne With An E foi, seguindo por caminhos diferentes e mais bem trabalhados, fantástico. 

Cena de Anne With An E

O primeiro deles foi a ampliação do seu foco. Anne pode estar no título e ser a protagonista, mas as lentes se movimentam por Avonlea e capturam outras pessoas, outras histórias. Para começar, somos apresentados a pormenores da história dos Cuthberts. Entendemos melhor a seriedade e sobriedade de Marilla (Geraldine James), assim como a timidez de Matthew (R. H. Thompson). O passado deles surge ao passo que seu presente os tiram da estagnação. Outro destaque bem bacana foi para a família Barry, bastante envolvida com a confusão do ouro em Avonlea, constrói uma dinâmica interessante que fala sobre companheirismo e amor. 

Obviamente, uma das melhores adições para o elenco foi o menino Cole (Cory Gruter-Andrew), o que nos leva para nosso próximo caminho. Um dos pontos mais trabalhados nesta temporada foi a tolerância, acompanhada de compaixão e aceitação. De uma forma correta, delicada e bela, Anne With An E conversou com seu público sobre a homossexualidade de forma a destacar aquilo que na verdade mais importa: o amor.

Cena de Anne With An E

Através da deixa da tia de Diana, Josephine Barry (Deborah Grover), o personagem de Cole evoluiu e de quebra ajudou a nossa protagonista a enxergar os limites além daqueles previamente estabelecidos. Simultaneamente, a mesma temática ajudou a concluir a história do pedante e irritante professor da escola de Avonlea e do seu compromisso com sua aluna, Prissy – que, preciso dizer, é uma das melhores cenas da série toda. 

Outra soma ao elenco trouxe mais um debate à série. Depois de sair de Avonlea, Gilbert Blythe conhece Bash (Dalmar Abuzeid) em seu trabalho no recarregamento de carvão em um navio que cruza o Atlântico. A questão fundamental é que Bash é negro e vem de um local que há pouco tempo deixou de ser escravocrata. O choque cultural entre os dois é tamanho e eles constantemente descobrem as limitações um do outro – obviamente, as de Bash são bem mais constantes -, mas nada disso impede que a amizade e a confiança entre os dois nasça e cresça.

Cena de Anne With An E 

Por fim, um tema super presente, que preenche os episódios com pedacinhos por vez, é a maneira como a mulher é tratada na época. Anne, inovadora e corajosa, afirma em momentos impactantes que “uma saia não é um convite” e que, quando ela se casar, não quer ser uma propriedade, inventando, inclusive, um termo ao seu ver melhor para chamar a si e seu marido: parceiros de vida (life mates). O tema culmina na chegada de uma nova professora a Avonlea, Srta. Stacy (Joanna Douglas), que divide opiniões por fazer coisas que uma mulher naquela época seria considerada uma má influência, como, por exemplo, não usar o famigerado espartilho. 

Cena de Anne With An E

Diagnóstico:

Os múltiplos focos e as diversas conversas não só ajudam Anne a amadurecer, mas também moldam uma temporada bem desenvolvida que faz os fãs da série se apaixonarem mais e mais pelo tom tão encantador de sua história, pelas tramas da aparentemente calma Avonlea e, é claro, pela paixão pela vida da protagonista. Tudo o que peço agora é que você vá dar play nessa temporada – e reveja a primeira caso não se lembre – e que a Netflix não desista de Anne Shirley-Cuthbert, nos dando a muito aguardada terceira temporada. Longa vida a Anne With An E!

Leia também: Diagnóstico | Anne With An E (Primeira Temporada)

Apaixonada por música, cinema, moda e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte.

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