O que achamos de | Tell Me You Love Me, da Demi Lovato
Primeiro, os perfis das redes sociais mostravam uma imagem preta com as letras SNS em branco. Os seguidores, fãs apaixonados, levantaram as mãos para o céu com a suspeita certeira de um novo single vindo por aí, uma nova fase para a cantora de Cool For The Summer. Meses se passaram, quatro músicas divulgadas gradualmente, um clipe e o tão esperado álbum novo, Tell Me You Love Me, chegaram e Demi Lovato prova que a cada trabalho seu talento só aumenta.
Dois anos após seu último álbum de estúdio (Confident, 2015), Tell Me You Love Me chegou botando o pé na porta. Ele tem 12 faixas, com até agora um single oficial e um videoclipe – Sorry Not Sorry, em que a cantora fez questão de mostrar que sua vida pode ser uma grande festa empoderadora assim como o próprio hino. SNS, além de peça de marketing pontapé do novo álbum, é hoje a música de posição 10 no Hot 100 da Billboard (há 13 semanas no ranking!). No que diz respeito a divulgação, ela teve um pequeno contratempo chamado Taylor Swift – não só ela, como também Miley Cyrus e Selena Gomez (esta, em parte, porque precisou parar para cuidar de sua saúde). Afinal, quem não se lembra do vídeo da cobra, do clipe de Look What You Made Me Do e todo o polêmico resto?
Contudo, o holofote de Demi não foi apagado. Tell Me You Love Me faz barulho nas redes sociais e nas paradas por si mesmo. O estilo da cantora mudou um pouco neste novo trabalho. Em 2015, Confident fez jus ao seu nome e apresentou uma Demi mais forte, empoderada e determinada. Ele iniciou um período – que esperamos ser duradouro – em que menina de Camp Rock se metamorfoseou em mulher confiante e avassaladora e, agora, com TMYLM ela abusa da essência femme fatale que iniciou em 2015.
Se no começo da sua carreira Demi estava mais voltada para o light rock e um pouco depois para o pop, atualmente ela se joga no blues e no R&B sem medo, visitando inclusive o pop disco dos anos 70. O carro-chefe do álbum é nada mais, nada menos que Sorry Not Sorry, com seu pé no hip hop, mas ainda mergulhado no pop. A gente já sabe bem como a música é viciante e chiclete, tocando em nossas cabeças em modo repeat. Depois dela, no entanto, o álbum ganha outro tom. Com uma ou duas faixas de ressalva, a pegada de TMYLM se concentra em uma batida lenta, sexy e voltada para o R&B, lembrando aquelas músicas pop dos anos 90 nas quais a gente consegue sentir a influência de nomes da época como Mariah Carey e Toni Braxton. Dito isso, outra coisa que remete a este som eram os vocais fortes, e Demi não tem medo de soltar a voz nas músicas. Ela experimenta altas escalas, sussurros e rouquidão com a mesma boa qualidade e alcance.
A sonoridade deste novo trabalho traz uma mulher cantando sobre desejos, amor e sexo sem medo, assumindo como é e o que gosta em melodias sensuais, que você pode dar play com uma taça de vinho junto ao seu/sua namord@ (ou sozinh@, vai ser feliz). As letras confirmam essa sensação. Daddy Issues, Ruin the Friendship e Concentrate são bastante explícitas quanto ao conteúdo e conferem vulnerabilidade e força ao mesmo tempo e acima de tudo atração e sensualidade. O estilo do novo álbum pode ser um tanto repetitivo, é bom, então, se preparar para ouvir o álbum. Não é uma obra que abriga vários tipos de gêneros musicais diferentes, Demi quis focar certos tipos e explorá-los de maneira bem feita. E só é preciso ouvir o álbum uma vez para perceber que ela conseguiu.
TMYLM é, portanto, uma obra ousada, game changer, em que Demi Lovato propõe uma nova identidade para sua música, um novo momento para a sua vida. É um álbum de qualidade, mesmo sendo diferente de tudo o que ela fez antes. Afinal, diferença não quer dizer inferioridade. Os novos ritmos mostram a versatilidade da cantora ao brincar com a música de maneira tão séria e potente. É um álbum para se ouvir muitas vezes. Pode começar agora: