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Pega a Pipoca | “Zootopia”: uma carta aberta ao preconceito

Na primeira vez que eu vi esse filme, eu não esperava muito. Afinal, era só mais um entretenimento barato. No entanto, ver animais civilizados, com personalidades distintas e profundidade, e uma crítica social significativa mudou tudo. Parece bastante para uma animação, não é? E é. No início do filme, conhecemos a coelhinha Judy Hopps, que é destemida, inteligente, ousada… Mas é só uma coelhinha filha de fazendeiros. Era isso o que diziam os outros quando a pequena Hopps dizia que queria ser policial na cidade grande.

“Ela deveria ser fazendeira, cultivar cenouras como seus pais…”.

Mas ela cresceu e voilà! Foi atrás de seu sonho. Judy não era forte o suficiente, não escalava como os outros e era MUITO baixinha. Vocês acham que ela se importou com isso? Não. A coelhinha usou a sua agilidade e a habilidade de pular fofinho para alcançar todos os seus objetivos. Foi a melhor aluna de sua turma e se formou com honras. Infelizmente, aqueles foram só os primeiros dos seus obstáculos. Para continuar perseguindo seus sonhos, a fazendeira foi para Zootopia, uma cidade grande e caótica. Mas ao mesmo tempo, é o lugar que presas e predadores vivem em comunhão em diversos tipos de habitat: deserto, selva, glacial… Para todos os gostos.

Seu chefe, Bogo, não acreditando no seu potencial, delega a ela a tarefa de cuidar do trânsito e aplicar multas. Nessa tarefa, além dela ser a melhor, acaba descobrindo sobre o desaparecimento de uma lontra. E é através dela que conhece Nick Wilde, uma raposa malandra que a ajudará a descobrir mais sobre esse mistério. Enquanto Judy e Nick investigavam sobre o sumiço do senhor Lontroza, descobrem que predadores estão se tornando selvagens, e cedendo aos seus genes de cadeia alimentar: atacando presas. Isso inicia uma onda de preconceito aos predadores, que são afastados de cargos importantes ou do público pois são considerados não confiáveis.


Sentiu o clima pesado? Até Nick, que desenvolveu uma amizade muito bonita com Judy, parece assustá-la. É muito interessante relacionar essa realidade fictícia numa cidade de animais, com a nossa, na qual ouvimos falar sobre tratamentos desiguais, e até mesmo assassinatos em razão de preconceitos. Todos nós já ouvimos essas histórias que nos provam que, infelizmente, o preconceito ainda está vivo entre nós. E em Zootopia, vemos como ele nasce e podemos ver sua difusão e suas consequências. Podemos comparar isso a uma semente de árvore, que cria raízes e, se não for cortada rapidamente, ela cresce e se infiltra entre canos, ruas, e pode chegar ao ponto de causar a destruição de muros, pisos, casas.

Zootopia é uma história de perseverança, quebra de paradigmas e amizade. Eu sei que soa cafona, mas ela realmente causa uma reflexão enquanto te faz sorrir, torcer pelos personagens, rir e ficar triste. Não foi nenhuma surpresa quando soube que esse filme lindo ganhou o Globo de Ouro de Melhor Animação este ano. Se ainda não viu, por que não se permitir a viver essa aventura e se deslumbrar mais uma vez no maravilhoso mundo da Disney?


Confira o trailer:

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Amante de livros e cinéfila de botequim.

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