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3 motivos para ler Duna e 1 para não ler | Resenha

Comecei as leituras do ano já encarando um calhamacinho de leve: Duna, de Frank Herbert, tem quase 600 páginas e 23 centímetros de altura. Já deu para perceber que foi um desafio só por isso, não é? Mesmo assim, me propus a terminar, até porque é um livro muito cultuado pelos fãs de ficção-científica – e pelos meus colegas do clube de leitura também!

De fato, foi um desafio e, ao completá-lo, me deixou bastante confusa. Não sabia dizer se tinha gostado ou não do livro. Por isso, resolvi transformar essa resenha em uma lista de prós e contras que acho que poderá ajudar mais vocês a se decidirem pela leitura ou não de Duna, e talvez a mim também a descobrir o que achei dessa história.

Mas, primeiro, vamos falar um pouco sobre a história.

Duna foi publicado em 1965 por Frank Herbert e foi muito bem recebido pela crítica e público a ponto de, no ano seguinte, ganhar o Prêmio Hugo, um dos mais importantes do seu gênero literário. A história do jovem Paul Atreides começa em um planeta onde a água é quase como oxigênio e nunca lhe passaria pela cabeça que um dia a encararia como commodities. Porém, quando seu pai, o Duque Leto Atreides, é forçado a se transferir para Arrakis – ou Duna – Paul conhece seu novo lar: um planeta quase que completamente coberto por areia. Como se a falta de água não fosse uma dificuldade suficiente, a família Atreides precisará lidar com planos maquiavélicos objetivando o seu fracasso vindos de todas as direções.

Paul não imagina que, em um curto espaço de tempo, sua vida se transformaria em um caótico jogo político movido por ganância, profecias e honra. Novas alianças surgirão e elas poderão ditar o futuro não só da família, mas também de Duna inteiro. Por milhares e milhares de anos.

A proposta do livro é instigante e, se você se interessa um pouquinho por ficção-científica, vai colocar Duna nas suas listas de leitura rapidinho. Foi o que eu fiz, no entanto, lê-lo de fato foi mais complicado do que eu esperava. Inclusive, foi mais fascinante do que eu esperava também. Vamos à lista!

Para você ler Duna:

Nº 1: Um dos universos mais ricos e extravagantes que você conhecerá

É comum vermos livros de ficção-científica – e muitos outros, na verdade – sendo rotulados e delimitados. Duna não segue isso. Seu universo extrapola fronteiras desde suas raízes de space opera, com as viagens inter espaciais, até suas questões distópicas de um governo extremamente frágil e segmentado. Ele ainda consegue nos apresentar as mais diferentes instituições que falam sobre política, religiosidade, comércio e sociedade, todas buscando o maior e duradouro poder. Duna é realmente uma história política, em que os personagens acabam ficando em segundo plano para que a história ganhe destaque e, neste caso, uma pirâmide bem recheada de pormenores e detalhes de uma sociedade complexa e muito interessante.

Nº 2: É uma grande inspiração

Em épocas de Game of Thrones, muitas famílias nobres, figuras religiosas e plebeus de destaque não são novidade. Óbvio, pois eles se inspiraram em Duna. Durante a leitura me peguei lembrando da trilogia Fúria Vermelha, de Jogos Vorazes e da própria história de Westeros. Duna tem singelos 53 anos baseando outras grandes histórias ao redor do mundo. Pense de outra forma ainda: na época do seu lançamento, ele foi uma grande novidade! E mais: ler clássicos como ele ajuda a entender um pouco mais das obras atuais que amamos tanto.

Nº 3: Um misto de diferentes tipos de fantasia e ficção-científica

Em meio a naves espaciais, substâncias venenosas e valiosas e tecnologias mirabolantes, Herbert resolveu inserir um certo tom de magia em sua história. Isso porque uma das instituições que citei antes ensina alguns truques aos seus discípulos que simples seres humanos não conseguiriam performar, além de explorar a clarividência em determinados momentos e para alguns personagens. Essa mistura dá um toque de fantasia a história que pode agradar a muitos leitores por aí.

Para não ler Duna:

Nº 1: A leitura não é fácil, mas se perder pode ser

Com um universo tão rico e detalhado, algumas coisas no livro podem parecer sem sentido ou mal trabalhadas. A impressão que tive foi que ele poderia ter sido dividido em dois: um para o estabelecimento da família e intrigas menores e outro a partir do plot twist central. O autor pareceu se perder no seu próprio mundo em alguns momentos, sem dar ao leitor instruções ou caminhos significativos por onde ele poderia sentir o fluxo da história e isso deixou a narrativa lenta. Tanto que, quando ele “se acha”, o livro se desenvolve bem melhor e é uma parte tão mais interessante, com muito a dar, que não foi tão bem trabalhada pela pressa talvez de se chegar ao final imaginado.

Meu veredicto? Não me arrependo da leitura porque acredito que li uma obra boa, mas tenho ressalvas. Ainda assim, é um livro que é preciso estar em um momento mais calmo na vida para ler, acertar no clima, para que uma ressaca literária não aconteça. O mundo que Frank Herbert criou é muito promissor e desperta nossa curiosidade facilmente. A pena foi que seus personagens não seguem o mesmo estilo. Quem sabe lendo o resto da série – são cinco livros no total – eu não consiga enxergar com melhor olhos? Esse é o veredito: uma mistura de ‘vontade de ler mais sobre esse mundo’ com um ‘preciso de uma pausa dessa história para ler algo mais rápido e leve’. Ajudei? 😀


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Apaixonada por música, cinema, moda e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte.

9 Comentários

  • Shirley Dattola

    O seu comentário me deu um alívio, já estava me sentindo culpada por achar o livro cansativo, desde o início. Não por suas 600 páginas ( li A Dança da Morte- 1200 páginas- Stephen King) e amei. Estou me obrigando a continuar a leitura, mas ela se arrasta em meio a tantos nomes fictícios que parece não ter uma estória. Ganhei da filha para que fosse uma distração nesse período de confinamento consciente, devido a Covid-19. Mas não vai dá. Sem desmerecer o trabalho, mas têm páginas que nem entendo o que está acontecendo, talvez seja eu o problema, todos elogiam O Pequeno Príncipe , mas eu nunca gostei. Um abraço Isabela.

    • Isabella Álvarez

      Relaxa, Shirley. A leitura tem que ser boa para você. Se não está funcionando, segue em frente. Tenta outro livro. Não adianta forçar. Às vezes, não é o momento dessa leitura, ou não é mesmo para você. Muda de livro com a consciência tranquila. 🙂 Abraços

  • Lucas Cosendey

    Minha ressaca veio após ler a trilogia inicial. Embora tenha sido fantástica a experiencia foi bem cansativo. Mas adoro as formas que ele usa para falar de tudo relacionado a humanidade e suas ligações uns com os outros. Como política, sociologia, religião.
    Qualquer hora dessas eu leio os dois últimos, mas me senti satisfeito com a trilogia inicial que aos meus sentimentos foi abertura e encerramento de um arco.
    Vou até escrever uma resenha no meu site tb. hehehe

  • Alexandre

    Os outros livros são muito bons também. Li no original em inglês, talvez por isso foi mais cativante. O pessoal costuma reclamar muito das traduções.

    • Isabella Álvarez

      Oi, Victor! Tudo bom? Obrigada pela visita! Então, pode ser uma falta de conexão mesmo. Não é raro lermos uma coisa que não fala com a gente da mesma forma que fala com o outro, não é? Pode ter sido um momento que pedia um livro diferente… Muitos motivos. Ainda assim, reconheço que o universo da série é muito bem bolado – não é à toa que coloquei como um dos motivos para ler. E, claro, não tiro o mérito da obra de se tornar um clássico super importante. Quem sabe um dia ainda leio o resto da série?

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