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Bom Dia Verônica, de Andrea Killmore, o mistério revelado da DarkSide | Resenha

Sabe aqueles livros que você não consegue largar? Que você pega para ler antes de dormir – só mais um capítulo – e quando vê já são três da manhã, você ainda está acordada, movida a adrenalina, se xingando porque sabe que tem que acordar cedo no dia seguinte, mas não consegue largar o livro? Bom dia Verônica.

Quem é a tal Verônica?

Verônica Torres é uma secretária de um delegado paulista presunçoso e preguiçoso. Seu dia-a-dia se resume, normalmente, a mexer no computador pelo delegado que não entende bulhufas de informática. Um belo dia de mais do mesmo, uma mulher sai do escritório de Carvana, o famigerado delegado, chorando em prantos e com horríveis feridas na boca e Verônica precisa assumir a missão de acalmá-la. Tudo corre bem até a mulher se jogar pela janela da delegacia.

Enquanto o delegado só quer se ver livre do bafafá e engavetar o caso, Verônica se vê tomada pela vontade fazer justiça pela triste mulher. Como se isso não fosse suficiente, ela recebe uma ligação de outra mulher afirmando que seu marido mata mulheres. Com dois casos nas mãos, Verônica banca a policial que sempre quis ser para tentar ajudá-las e, de quebra, conseguir uma promoção no trabalho, finalmente reconhecida pela sua capacidade.

A constução de Bom Dia Verônica

Dividido em dois narradores, o livro da estreante Andrea Killmore não dá trégua ao leitor. Enquanto Verônica nos conta o seu processo investigativo, a autora apresenta a rotina macabra de Janete e seu marido. Ambos olhares possuem uma linguagem mais informal, bem típica do sudeste brasileiro que torna a leitura mais ágil e realista, condizente com o ambiente da protagonista. Esta é uma das melhores partes do livro por um simples motivo: Verônica é humana.

Ambiciosa e determinada a encontrar a solução para os dois casos, Verônica faz de tudo o que está ao seu alcance para continuar com a investigação. Isso inclui burlar algumas leis e regras sociais. Isso, contudo, não ocorre só por causa dos casos. Ela erra sem querer e às vezes com gosto, sabendo que as consequências chamarão por ela depois, mas é aquele ditado, fazer o que, né? Ela chega atrasada, põe outras coisas na frente do trabalho e da família, se culpa, mas faz de novo. Ainda tenta salvar o dia, se preocupa com os mais fracos e tenta defendê-los da melhor maneira que encontra. Nada disso necessariamente nessa ordem. Ela não é totalmente íntegra, nem completamente mal caráter.

Bom Dia Verônica

Além disso, acompanhar a saga da detetive/secretária é muito envolvente e eu acredito que o misterioso passado da autora seja o principal motivo disso. Andrea Killmore é o pseudônimo de alguém que nem mesmo a Darkside sabe. A única informação é que em algum momento de sua vida ela foi alguém dentro da polícia que precisou de uma nova identidade após sofrer uma grande perda durante um caso em que trabalhava infiltrada. Entrar em um papel para um caso com certeza promoveu uma bagagem pesada para criar um personagem como Verônica – ou na verdade qualquer outro naquele universo. De qualquer forma, conferiu mais realidade e intimidade a personagem, assim como mais fundamento para a trama.

Bom Dia Verônica

Veredicto

Para fechar, a trama. Dois casos complicadíssimos, com tecnicalidades difíceis e detalhes sombrios e assustadores, caem nas mãos de Verônica e pedem por um esforço mental forte. Cada detalhe da história é importante. Não subestimem a autora porque, como diz no livro, no final tudo se encaixa. De uma forma ou de outra, sob o olhar frio e calculista de muitos personagens, a trama se desenrola com pistas e ações intrigantes, tirando seu sono e sugando toda a sua concentração. Os pedacinhos da história vão se somando e você não consegue fazer outra coisa a não ser passar a página até conseguir fechar o livro de boca aberta. Com um grande uau esboçado em sua mente, assim termina Bom Dia, Verônica.


Atualizações: Em 2020, a DarkSide Books anunciou que a misteriosa autora de Bom Dia, Verônica era na verdade uma dupla de peso do thriller nacional: Ilana Casoy e Raphael Montes. E, para somar mais a história, o livro virará uma série da Netflix, com data de estreia marcada para 01 de outubro. Tainá Müller fará o papel da protagonista, Camila Morgado, de Janete, e Eduardo Moscovis, de Brandão, marido de Janete. Para a revelação das novidades, a DarkSide Books preparou uma nova edição de Bom Dia, Verônica. Confira o teaser da série:


Ficha Técnica

Título: Bom Dia, Verônica | Autora: Andrea Killmore | Editora: DarkSide® Books  | Especificações: 256 páginas

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Apaixonada por música, cinema, moda e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte.

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