Capa da HQ Paper Girls
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Bula em Quadrinhos | Paper Girls: uma ficção-científica mergulhada no girl power

Em um período em que os meninos dominavam a cena cinematográfica e as ruas com seus grupos montados em bicicletas, não soaria uma surpresa se eles ocupassem um dos cargos que mais rendiam dinheiro na adolescência: o de entrega de jornais. Com o Cleveland Preserver, as coisas eram diferentes. Erin Tieng acordou assustada com um pesadelo recorrente. Já estava na hora de enrolar os jornais para a entrega. O dia depois do Halloween era o pior de todos. Adolescentes ainda mascarados andam pelas ruas bagunçando o que ainda não tinha sido bagunçado. E as meninas pedalavam em ritmo acelerado para dar conta de todo o bairro. É claro que os mais velhos iriam mexer com as entregadoras, mas elas nem pensavam naquele momento que lidariam com problemas muito mais sérios e absurdos do que alguns idiotas que se achavam donos do mundo. E nem eram seis da manhã.

Erin, Tiff, KJ e Mac são interrompidas por ladrões aparentemente vestidos de múmia, que levam seus walkie-talkies. Elas não iam deixar barato e, afinal, eles estavam a pé, enquanto elas tinham suas bicicletas. O rastro deles as levou para uma casa abandonada onde encontraram uma máquina muito estranha e, ao chegar perto dela, sua reação explosiva e luminosa pode ter feito mais do que assustá-las. Quando procuraram outras pessoas, ou elas não estavam onde deveriam estar, ou sumiam em plena vista. Numa cidade praticamente deserta, as quatro encarariam uma aventura praticamente sozinhas, cheia de perseguição, aves gigantescas que lembram dinossauros, adultos estranhos e armados e múmias misteriosas que não falam sua língua.

Paper Girls é uma hq cheia de ação, sem dar trégua para o leitor. As meninas se deparam com tantos obstáculos e mistérios que elas usarão até a última gota das suas coragens e persistências. Uma das coisas que mais me chamou atenção nela foi o protagonismo feminino bem elaborado. Cada uma delas demonstram força e marcam presença de formas diferentes. Erin é delicada e companheira; Tiffany é mais resistente e corajosa; KJ é mais engenhosa e rápida; e Mac é marrenta e sensível. Juntas elas são a sua melhor chance. Sua amizade se torna um personagem crescente dentro da história, e cada novo perigo absurdo faz ela se fortalecer.

Detalhe da HQ Paper Girls

A trama é, além de um compromisso com a amizade, uma ficção-científica estupenda. Pode não parecer de cara, mas envolve subconsciente, elementos deslocados no tempo e organizações poderosas e secretas com objetivos a princípio sem sentido, que provavelmente serão explicados melhor no próximo volume, ainda sim curiosos e instigantes. Misturado a personalidades marcantes das meninas, o gênero é enriquecido e não deixa a leitura chata, mas ágil e viciante. Ponto para Brian K. Vaughan! Vamos combinar, no entanto, que não é nada novo, uma vez que Vaughan é o responsável pela querida série Saga.

Sob a luz das especificidades técnicas, Paper Girls também se destaca. As cores da hq, responsabilidade de Matt Wilson (The Wicked + The Devine) são peculiares: rosa choque, azul bic, forte amarelo são acompanhadas de suas versões mais pastéis – e algumas combinações – para diferenciar ambientes claros e escuros, interiores e exteriores. Elas trazem bastante personalidade e clareza ao estilo da série. A mesma coisa acontece com o traço de Cliff Chiang (Mulher-Maravilha), forte e um tanto sombrio, porém não tanto o suficiente para inserir a hq por si só em um clima mais dark. Ele confere um estilo determinado a uma história em que determinação é o que mantém os personagens vivos.

A leitura de Paper Girls é algo tão bom que é ruim. Calma, eu explico. Você acaba devorando o primeiro volume – que reúne os cinco primeiros capítulos publicados – em uma sentada só, e se pega ansiosa pelo próximo. Aí é que está a parte ruim: a Devir, editora responsável pela hq por aqui ainda não tem previsão de quando o próximo volume chegará em nossas terras tupiniquins. E agora? Quem poderá nos defender? O jeito é, se você lê em inglês, comprar os importados se não aguentar a espera pelo lançamento nacional. Se não, é esperar. Mas, não deixa de ler esse universo incrível do mundo em quadrinhos. Te garanto que não vai se arrepender!

Informações Técnicas de Paper Girls

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Apaixonada por música, cinema, moda e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte.

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