Pega a Pipoca

Pega a Pipoca | A beleza e sutileza de “Kubo e as Cordas Mágicas”

O mesmo estúdio que nos trouxe “Coraline” (2009) e “ParaNorman” (2012), Laika Studios, apresenta agora um filme belíssimo, com uma narrativa sutil e triste. Por isso que, para vê-lo, você precisará de uma caixinha de lenços do lado e muita atenção. Mas, mesmo no meio dessa melancolia toda, “Kubo e as Cordas Mágicas” (2016) nos diverte enquanto dialoga com o que temos de mais íntimo em nós .

Kubo vive uma vida pacata e rotineira em uma pequena vila no Japão. Vive apenas com sua mãe, a quem se dedica e cuida. A vila é como se fosse sua família, e ele é o contador de histórias oficial de lá.Um dia, desobedecendo uma ordem da sua mãe, encontra um ser místico que busca vingança contra a sua família. A partir desse momento, ele embarca numa aventura para encontrar a armadura de seu pai, lutar com esses seres mágicos e entender seus próprios poderes e habilidades. Parece muita coisa para um garotinho, e é, por isso ele ganha companheiros dessa jornada: uma macaca e um besouro que são a parte cômica e séria da narrativa ao mesmo tempo. É impressionante esse tipo de construção e desenvolvimento dos personagens.

Durante sua jornada, ele passa a entender a sua origem e a história da sua família. Simbolismos e lendas japonesas fazem parte de toda a linha narrativa, e o sentimento de amar. Esse sentimento é uma parte muito importante: libertou o seu passado, o seu presente e está cada passo que aquele menino dá. Sim, é uma animação muito fofa e cultural, mas não se deixem enganar por esses momentos, pois quando menos se espera, essa animação corta cebolas na frente de seus olhos e te obriga a ver muito sofrimento.

Mas reforço que ela é uma história muito bonita e que nos ensina muito. Os personagens e cenários são absurdamente detalhados e bem feitos, o que garante aquela satisfação visual. Inclusive, essa animação está concorrendo ao Oscar de Melhor Efeitos Especiais e Melhor Animação, e ao Prêmio BAFTA de cinema de melhor animação. Ele foi indicado ao Prêmio Globo de Ouro de melhor animação, mas Zootopia que levou essa. E até o guarda-roupa dos personagens também está concorrendo ao prêmio de  melhor figurino do Costume Designers Guild Award.

Com essa penca de indicações, dá para notar que Kubo não é pouca coisa não, não é mesmo? Durante a exibição, eu ri, chorei e me maravilhei com o final. É aquele tipo de filme que você tem que parar para refletir e  que povoa sua memória e coração por muito tempo. Gostaria de finalizar com uma frase de Nietzsche, pois ela sintetiza o filme de forma mágica:

“Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.”

Amante de livros e cinéfila de botequim.

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