Big Brother e Livros | O que a literatura tem em comum com o BBB?
Muitas vezes, o Big Brother Brasil é taxado de superficial e entretenimento leve. Mas, embora ainda seja visto assim por muitas pessoas, o programa retomou fôlego no ano passado e movimentou as redes sociais e a internet como um todo. O Brasil estava em lockdown e nos foi fornecido um jeito de esquecer os problemas. Dessa forma, a questão é que o programa trata temas muito mais profundos do que nós assistimos na TV: o confinamento e a competitividade. Pensando assim, os livros e o BBB tem bastante em comum.
1984: a Origem do Big Brother
Podemos começar dizendo que o nome do programa, criado na Holanda em 1999, foi uma homenagem ao livro 1984, de George Orwell. Nele, o personagem principal vive monitorado por câmeras do governo durante o dia inteiro, em casa, no trabalho, aonde quer que esteja. Tal governo, tal sistema é personalizado na figura do Big Brother, ou Grande Irmão. Orwell desenvolve uma crítica magnífica sobre o poder de manipulação que a propaganda e a informação tem sobre uma comunidade. E, bom, o programa gira em torno da troca de informações – com breves intervalos para provas e testes, claro.
Jogos Vorazes e a força do entretenimento
Se avançarmos no tempo, para uma época em que o Big Brother já estava em outros países, encontramos a saga de Suzanne Collins. Jogos Vorazes movimentou o mundo das distopias tratando de temas bem parecidos com o programa. Em especial no primeiro livro da trilogia, Collins nos dá o ultimate level do que uma competição poderia ser. Um país que aparentemente já foi os Estados Unidos travou uma guerra em que o dividiu em doze distritos, dentre os quais, os dois primeiros são os mais ricos, junto a Capital. Ainda assim, todos os doze são obrigados a ceder dois jovens por ano para batalhar por suas vidas ao vivo para todas as televisões do país. O objetivo final, no entanto, são: entreter a Capital e deixar claro quem manda no país.
O confinamento mortal em Jogos Vorazes está bem longe do que é o Big Brother atualmente, obviamente. Mas, momentos de lições de morais, conflitos de personalidades e, é claro, a cobertura televisiva conversam entre ambas as obras. E isso traça o paralelo mais interessante da situação.
A extrema competitividade e a necessária sobrevivência de Battle Royale
De forma bem semelhante trabalha Battle Royale. Muitos dizem, inclusive, que foi usado como inspiração para Jogos Vorazes. Uma turma de uma escola é escolhida pelo governo para competir em uma ilha. De lá, só um sairá vivo. A história de Koushun Takami não tem um enredo tão profundo quanto a de Collins, mas desenrola o instinto de sobrevivência de uma forma singular. Além disso, promove um olhar cruel sobre a competitividade. Ambas questões são tópicos essenciais no programa. Sobreviver ao desafio de ficar três meses confinado somado a ambição de ganhar o prêmio final são a gasolina e a receita do sucesso do Big Brother.
A curiosidade do Big Brother presente em Nove Desconhecidos
Ainda assim, a ideia do confinamento pode ser trabalhada em outros momentos e bastante verossímeis. Em Nove Desconhecidos, Liane Moriarty, autora de Pequenas Grandes Mentiras, desenvolve um suspense em cima de nove estranhos dentro de um spa, sem nenhum contato com o mundo exterior. Com personagens movidos pela curiosidade crescente, encontramos o motor do Big Brother. Tanto dos participantes, quanto do público, a curiosidade nos mantém atualizados sobre todos as brigas, festas, pazes e romances dentro da casa mais famosa do Brasil (talvez do mundo).
Então, filhos do BBB, quando sentirem falta desses sentimentos, já sabem quais livros pegar, não é?