Bruxa Akata, de Nnedi Okorafor | Resenha
Sunny e sua família deixaram os Estados Unidos e voltaram a Nigéria para um novo lar. Sua escola não é tão exigente como a americana, e Sunny se destaca. Seus irmãos mais velhos são legais e até jogam futebol com ela. Sua mãe é preocupada, mas seu pai é distante. Uma base não muito diferente de outros young adults por aí, não é? Pois pode tirar seu cavalinho da chuva porque Bruxa Akata, publicado pela Galera Record, é muito mais do que isso.
Sunny nasceu um pouco diferente: ela é albina. Até aquele momento, ela estava acostumada com os olhares, os comentários e seu companheiro constante contra o sol, o guarda-chuva. Ao se mudar para a Nigéria, no entanto, Sunny recebeu tudo isso elevado a 23. Ainda assim, ela conheceu pessoas que mudariam a sua vida para sempre e provariam que sua cor, a sua diferença a faz alguém mais forte e bastante mágica. Orlu e Chichi, seus novos amigos, são pessoas-leopardo.
Quem são as pessoas-leopardo?
Pessoas-leopardo carregam consigo algo que nós, ovelhas, não temos: mágica. Sunny é uma agente livre, alguém que tem as habilidades de uma pessoa-leopardo, mas não nasceu de pais com a mesma raíz. Por trás da vida cotidiana, as pessoas-leopardo tem seu próprio mundo, suas próprias regras e seus jujus. Os jujus nada mais são do que seus feitiços e manobras para exercer mágica. Além disso, as pessoas-leopardo tem uma face especial que se revela em momentos necessários e não podem ser vistos por outras pessoas – seria como andar pelado por aí. A de Sunny, adivinhem, é uma caricatura do sol.
Em Bruxa Akata, nós acompanhamos a introdução de Sunny e seus amigos no ensino do mundo das pessoas-leopardo com toda a sua mitologia. Sunny é como se fosse uma recém-nascida, aprendendo todas as novas regras culturais e nós aprendemos com ela. Assim, quem é fã de Rick Riordan, por exemplo, vai se esbaldar com a história, o mundo e o mergulho na cultura nigeriana criados por Nnedi Okorafor. Na maior parte do livro, nós somos instruídos sobre o mundo das pessoas-leopardo e, ao contrário do que se pode imaginar, não foi nada cansativo. É um mundo tão incrível que você devora o livro.
Eu imagino que se estivesse na situação de Sunny me comportaria exatamente como ela: confusa e curiosa.
Bruxa Akata traz mitologia e cultura
Sobre a Nigéria que ambienta Bruxa Akata, é uma cultura muito interessante. A autora faz questão de mostrar que as pessoas-leopardo estão inseridas num lugar real, com cidades e cultura reais. O equilíbrio com que ela faz isso é tão precioso que você se pergunta constantemente o que é nigeriano e o que é do livro. Claro, aqueles que não sabem muito sobre a cultura do país como eu. Por isso mesmo, foi uma leitura muito interessante para inserir mais conhecimento na minha vida também.
Os amigos de Sunny são tão essenciais quanto a protagonista e muito bem desenvolvidos. Uns mais que outros, ainda assim, o leitor consegue ver o quanto são diferentes e o quanto se complementam – elemento, inclusive, fundamental para a história. O monstro da vez que precisará ser derrotado, no entanto, não é tão desenvolvido justamente porque a autora está focada em nos explicar tudo sobre o mundo das pessoas-leopardo. Mesmo assim, não senti que foi algo muito ruim. E a história de Sunny ainda tem uma continuação: Guerreira Akata (tradução livre para Akata Warrior). Quem sabe nela teremos um vilão mais pancadão? Acho que seria bacana.
Vale a pena ler, então?
Enfim, é incrível acompanhar Sunny e seus amigos nessa jornada, que mal começou. Esse meio middle-grade, meio young adult conquista fácil, fácil e consegue fazer qualquer idade se apaixonar por uma mitologia rica e os melhores personagens que poderiam vir com ela.
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