Todo Dia: uma história de tolerância, respeito e amor

Me arrisco dizer que há uma grande chance de nós estarmos vivendo a era de ouro das adaptações da literatura jovem. Desde as distopias até as exclusivas histórias de amor, o young adult tem dominado os cinemas mundiais. Pois então, Todo Dia foi um dos mais recentes movimentos de adaptação.

Todo Dia: a sinopse

A história de A e sua existência migrante conquistou milhares de fãs ao redor do mundo e fez de David Levithan um dos autores favoritos do gênero. Basicamente, A é uma pessoa que acorda em um corpo diferente a cada dia. Assim, ele ou ela vive aquele dia pela pessoa, buscando não modificar suas vidas. Mas tudo muda quando ele conhece Rhiannon (Angourie Rice). Ao habitar o corpo de seu namorado, Justin (Justice Smith), A encontra o amor pela primeira vez.

Mas, e agora? Como viver esse amor? Ele/ela se abre para Rhiannon? Será possível vivê-lo? Não há como ele ficar em um único corpo? Seria certo? Nós acompanhamos uma jornada diferente de autodescobrimento, onde a alma fala mais que o corpo.

Todo Dia: a análise

Sob a direção de Michael Suczy, Todo Dia era esperado por muita gente e o medo de decepcionar era enorme. Será que mudariam a história? O quanto diferiria da história que cativou tantos em forma de livro? O medo era real, mas a curiosidade era maior. O resultado? Ruim não foi, mas poderia ser melhor.

Para quem não sabe, Levithan escreveu um spin-off na forma de segundo volume, contando a história dos dois sob a perspectiva de Rhiannon, chamado de Outro Dia. Apesar de não ter lido, é fácil perceber que a voz de Rhiannon foi a escolhida para guiar a maioria do filme. Mesmo que acompanhemos as novas faces e casas de A, a jovem brilha mais na tela do que nas páginas de papel. Esse, para mim, foi um dos pontos altos do filme. Transmitir esse protagonismo para ela me pareceu um movimento certo.

 No entanto, isso não quer dizer que A se tornou um personagem ruim. Como dito na resenha do livro, A – e, em geral, toda a mensagem do livro – é parte fundamental da transmissão da necessidade de tolerância, respeito e compaixão para com o diferente.

Crescer em um corpo diferente a cada dia, com suas limitações, qualidades e vontades tão diversas, faz de A uma pessoa  mais paciente. Sua situação única deu a ele/ela a oportunidade de entender melhor o outro e ser mais empático. Além de, claro, expandir seus limites do certo e o errado para mais do que o que a sociedade dita.

Todo Dia um elenco diferente

O desafio era moldar a personalidade de A através de diferentes atores. Era quase uma questão para Tom Cruise porque soava como Missão Impossível. Ainda assim, foi bem sucedida. Mesmo que a maioria dos atores sejam jovens, principiantes na atuação, foram muito bem escalados. Deixo aqui o meu destaque para Lucas Jade Zumann (o Gilbert, de Anne With An E), que dá vida a Nathan, um dos meninos que A habita.

Todo Dia: a adaptação

Nathan, no entanto, é um ponto fraco do filme. Apesar da ótima atuação de Zumann, o desenvolvimento do personagem que, no livro começa um movimento de desmascarar A e ganha bastante repercussão, se tornando importante para algumas questões internas do protagonista, é estagnado. O Nathan do filme até denuncia a existência de algo que o possuiu, mas tudo fica por isso mesmo e o foco do filme volta para a história de amor do casal.

Esta é mais um aspecto que me incomodou. Uma das coisas que mais gostei do livro foi a honestidade de Rhiannon no final, algo que no filme se perdeu. É como se, nas páginas, ela fosse mais humana do que nas telas, onde se torna um personagem romantizado, ideal.

Todo Dia é um filme interessante de se ver. Pode dar o play tranquilo se o que você gosta é uma história de amor, com toques de comédia romântica. Ele se mantém fiel a questões gerais do livro, como a tolerância e o respeito para com a diferença e o limite do outro, porém, sob o olhar da adaptação, deixa a desejar.

Confira o trailer:

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=HUnTZny9E4g[/embedyt]

[wp-review id=”3865″]