Crítica | Na vibe “Black Mirror”, “Nerve” brinca com os limites que a tecnologia pode chegar
Nerve é um daqueles filmes que você sempre pensa em ver, mas acaba nunca vendo. Pois bem, entrei de férias, e parei para finalmente assistir essa versão adolescente de Black Mirror. A sua premissa chama a atenção, mas eu continuava em dúvida se o filme conseguiria se manter tão interessante quanto à sua proposta .
Me deparei, no entanto, com um começo bobo: Vee (Emma Roberts) é uma fotógrafa nerd, quieta, na dela, com o status de perdedora, enquanto é amiga de uma líder de torcida Sydney (Emily Meade) animada e sexy, com o status de popular. A diferença é que aqui elas são amigas e o conflito desses dois papéis leva Vee a se sentir pressionada para mostrar que pode ser espontânea e legal, algo que é acreditado ser fora do seu perfil. Conflito de perdedor versus popular, clichê mas de acordo com a realidade americana.
Para isso, ela joga um jogo chamado Nerve, em que a premissa é bastante simples: observadores que pagam a assinatura para ver os jogadores e que decidem o que esses jogadores vão fazer; e jogadores que fazem loucuras, sempre com a câmera do celular filmando por dinheiro. Dentro desse jogo ela conhece Ian (Dave Franco), um jogador misterioso por qual ela se interessa, e os observadores se interessam muito mais em colocar desafios para o casal feito pelo jogo. O casal se diverte e passa por muitos momentos perigosos, e Vee descobre nesse meio tempo que Ian tem um passado obscuro.
Lembrando que o que é muito bem feito neste filme é a ideia de usar a tela do filme, a quarta parede, como tela de celular, com as luzes brilhantes e as palavras ao contrário. O ritmo da narrativa é elétrico, e não te deixa parado em nenhum momento, só que mais para frente, o clímax é jogado – não tem outra palavra para isso, desculpa. O expectador consegue entender bastante coisa pelas pistas deixadas por Vee antes do último ato, e além de ser previsível, deixam perguntas sem respostas.
O filme é uma cópia mal executada de Black Mirror. Ele tem um conceito interessante que estava em alta, mas fez mais do mesmo de filmes adolescentes e subestima a inteligência do espectador. Podia ser muito bom, podia ser um novo 10 coisas que odeio em você mas infelizmente não é tão bom.
https://www.youtube.com/watch?v=bbWcii5DS0A