Sobre o porquê do meu autor preferido ser Stephen King
Eu acredito que, para leitores compulsivos, falar de apenas um autor é algo complicado e até mesmo polêmico já que é muito pessoal. Muito. Mas vamos lá, eu parei para vasculhar minhas lembranças esses dias. Desde cedo, eu sempre fui medrosa, mas sempre gostei de terror, e por isso eu procurava sempre o mesmo tipo de história. Encontrei a série “A Rua do Medo” de R.L. Stine. Virei leitora de contos de suspense para jovens leitores publicada pela querida Rocco. Conheci diversas sagas ótimas para a minha idade, como “A Mediadora” de Meg Cabot e “Circo dos Horrores” de Darren Shan.
Mas, voltando ao eterno mestre do terror, Stephen King tem uma quantidade invejável de obras publicadas e adaptadas a filmes e séries. Ele, que nasceu em 1947, publicou sua primeira obra “Carrie” em 1974 com 27 aninhos. Para vocês terem noção, na minha pesquisa eu contei 43 obras de ficção publicadas – isso tirando livros de contos, livros não-ficcionais, livros de pseudônimo e livros da série “A Torre Negra”. E isso está em aberto, pois ele está com 67 anos em plena forma com obras ainda em processo e lançamentos para o próximo ano. Em 1999, o escritor, já famoso, foi atropelado. Perdeu a memória dentre outros danos, como o quadril fraturado e a perna quebrada, mas depois de meses de recuperação ele já estava de volta ao ofício.
Antes disso, teve dependência em bebidas alcoólicas quando sua mãe faleceu, um pouco antes da publicação de “Carrie”. Ele foi alcoólatra por bastante tempo até cortar totalmente sua relação com o vício em 1980 e viver até os dias de hoje sóbrio (e saudável, graças a Deus). Desculpa a falta de imparcialidade no texto, mas ele é meu herói. E acredito que a mulher dele teve e tem um papel muito importante em quem ele é. Ela o ajudou a fortalecer sua força de vontade e as menções à ela em prefácios são quase de honra. Ela que lê seus manuscritos e os analisa, provavelmente dando opiniões e correções. Ela salvou “Carrie” do lixo e creio que muitos outros.
Sinceramente, lembro pouco de como conheci o Stephen King, mas depois de tanto buscar, li sobre ele comprei o livro Celular na Bienal do Livro. Foi meu primeiro livro dele e acredito que foi uma boa introdução pra mim. O enredo do livro se ambienta em Boston e foca numa pessoa andando. Um desenhista de quadrinhos que praticamente passava fome até finalmente vender – pela primeira vez – uma criação sua. Ele comprou um presente caro para sua mulher do jeito que ela gosta. Afinal, tinha sido um ano difícil e ela não tinha parado de acreditar nele. Talvez fosse uma boa comprar uma HQ do Homem-Aranha para o seu filho… Antes disso, poderia tomar um sorvete para se refrescar do calor que estava fazendo. Meu Deus, como ele queria ir correndo contar para sua esposa a novidade. Seus pensamentos rondavam sua família enquanto o desenhista agora empregado ficava na fila para o sorvete. Tinham poucas pessoas na fila e ele conseguiu ouvir o som de seus celulares tocando. Todos atenderam e parecia que depois disso algo tinha mudado. Algo dentro delas, o instinto mais animal, tinha aflorado e essas pessoas começaram a atacar umas às outras. E assim começa um cenário pós-apocalíptico com mortos-vivos ao tom do chamado Mestre do Terror. Ele cria uma atmosfera toda real com personagens como eu e você e, de repente, num detalhe… Ele desmonta tudo. Sem perder a verossimilhança e sempre com bons argumentos, esse livro é um exemplo disso. Depois de um final eletrizante (e único), ainda tenho que ler que ele não possui telefone celular. Não preciso dizer que senti um pequeno pânico enquanto lia e encarava o meu próprio aparelho de celular, rezando para ele não tocar.
Ele não é o melhor escritor do mundo. Sua escrita não me faz delirar ou pensar no quanto ele é genial. Na verdade, posso citar alguns autores mais geniais que ele (na minha humilde opinião). Mas sua criatividade e versatilidade… Ah,isso sim me faz perder o fôlego. E a forma de me envolver em sua história… Poucos autores fazem isso comigo. Lembro de um conto em especial no livro de contos Sombras na Noite. Dentre diversos títulos, eu dava prioridade ao que me chamava atenção primeiro. Um deles tinha o nome de Bicho Papão. Um conto com esse nome? Provavelmente infantil. Foi literalmente o último que li do livro. E foi o único que me fez olhar para o armário com medo. Juro. Posso citar os meus preferidos e os que o King perde um pouco a mão, mas aí já é mais pessoal ainda. Só gostaria de prestigiar um autor que tem minha admiração. Descubra ele. Talvez, além de encontrar coisas ruins, medianas e boas, você descobrirá histórias que te farão duvidar de seus conceitos, olhar para os lados com um pouco de terror e apreensão e também se maravilhar e adorar um simples ratinho como em À Espera de Um Milagre. Aconteceu comigo. 😉
Esse post foi primeiramente publicado em 2015, mas como hoje é aniversário do autor nós resolvemos trazê-lo de volta porque, convenhamos, um autor preferido desses, bicho. Vamos atualizá-lo, contudo, em, por exemplo, a sua idade: o autor completa hoje 70 aninhos de puro terror e talento.
Curiosidades legais: a DarkSide Books está relançando a sua biografia – numa capa linda que mete medo -, Coração Assombrado, e traz a primeira HQ do autor, Creepshow. Aqui no Brasil, a editora responsável pelas obras do autor é a Suma. Ela tem relançado vários clássicos e novidades de King em edições bem bonitas – e agora tem a coleção Biblioteca Stephen King, de capa dura e padronizada, bem legal.
Loja do King na Amazon: http://amzn.to/2xpYoI0