Música

O que achamos de | O “El Dorado” de Shakira

Eldorado é uma lenda indígena da época da colonização que atraía os conquistadores para as Américas (em especial, a espanhola) por causa da crença em uma cidade toda montada de ouro. Curioso nome para um álbum, não acham? Vamos especular. Será que Shakira vê no seu mais novo trabalho uma preciosidade grandiosa? Ou será que é somente um espectro do esplendor que poderia ser? Analisando gramaticamente, a lenda era escrita de uma vez só, enquanto o álbum é separado… Devaneios à parte, El Dorado é mais do que um nome intrigante, é primeiramente uma aposta da cantora colombiana de integração e variedade.

Em uma entrevista para o canal E!, a cantora revelou que El Dorado é um álbum muito pessoal, como “páginas arrancadas de seu diário”. Isso é uma parte incrível e essencial do álbum. Desde a primeira faixa, o single bem conhecido Me Enamoré, podemos notar que há pedaços dela derramados através das músicas. Ela começa com uma pegada dançante e apaixonada – com um clipe adorável (e a participação de seu marido, Gerard Piqué, para quem a música é feita). Segue para uma declaração de amor com Nada, de melodia calma e triste e letra poética, e chega a hiper conhecida Chantaje, com a participação de Maluma, sobre um casal com desavenças amorosas com um ritmo sexy e atrativo. A partir daqui, desta participação do artista também colombiano, é que a integração começa a ser vista.

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Muitas faixas do álbum são já conhecidas colaborações: Chantaje, Deja Vu, La Bicicleta. El Dorado conta com nada mais nada menos que sete colaborações, cada uma melhor do que a outra. É fato que Shakira elevou o padrão de qualidade de sua música com este novo trabalho, mas a tendência não é novidade desde Shakira, lançado em 2015. As participações são de artistas de diferentes nacionalidades – Colômbia, Estados Unidos, Canadá e França – e corroboram com a vontade da cantora em prezar a diversidade musical.

El Dorado é uma viagem de ritmos. Atravessamos o pop dançante, somos ganhados pelo mergulho no reggaeton, conquistados pela balada latina, invadimos um pouco a música indie e, inclusive, chegamos à porta do hip-hop. Shakira brinca com as línguas enquanto nos entrega seu pedacinhos do seu coração, de sua memória, assim de graça para tocar nossas almas quase que da mesma forma que a dela foi tocada.

Imagem: Twitter @shakira

Majoritariamente o álbum está em espanhol. Das treze faixas, somente quatro são em inglês, e duas delas são versões da contagiante Comme moi/ What We Said, diferenciando somente a colaboração. Sua voz, contudo, continua a mesma icônica potência e vício. Shakira é o tipo de cantora que pode cantar em qualquer ritmo, em qualquer língua que não deixa de esbanjar talento. Ela fecha El Dorado com um trabalho que valoriza a diversidade musical internacional e o comprometimento da essência do artista com a sua obra. No final das contas, fica bem difícil dizer que o El Dorado de Shakira é uma lenda, um sonho, algo não correspondente à realidade. Afinal, ele está muito mais próximo da cidade de ouro do que qualquer colonizador jamais esteve.


Apaixonada por música, cinema, moda e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte.

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