The Heart of Betrayal: o mergulho de Lia na própria história | Resenha
Cá estou eu, menos de cinco minutos após fechar o livro, escrevendo para vocês sobre o segundo passo da história de Lia. A saga de Mary E. Pearson, com seus reinos e uma bela mitologia, arrancam suspiros, preocupações, indignações e nos hipnotiza até a última página. Em The Heart of Betrayal, segundo volume da série, nós começamos com a Princesa Lia chegando a Venda, o reino inimigo do seu próprio e do suposto aliado, Dalbreck, como prisioneira, junto a Rafe. Kaden, o Assassino, julgou levar Lia ao seu comandante, o Komizar, sob a desculpa de que ela e o seu dom valeriam quebrar o protocolo de não manter prisioneiros.
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The Heart of Betrayal: o segundo passo
Lia está presa em um reino áspero, faminto e totalmente desconhecido, sobre o qual ela só tinha ouvido falar sobre suas “barbaridades”. Ela precisa agora lidar com novos costumes, um novo aparelho governamental – totalmente diferente e mais brutal que o da sua terra natal – e encontrar meios de se manter viva. Mesmo que isso faça com que ela minta para tudo e todos.
Em muitas resenhas e comentários que vi sobre esse livro, as pessoas diziam que esse é o melhor livro da série e eu erroneamente achei que era considerado desse jeito porque teria mais confrontos, batalhas e magia. Bom, não é que eles estejam ausentes do livro, mas não são nem de perto o foco. Os confrontos são relativamente sutis e extremamente político. Eles estão sempre envolvidos no aprendizado de Lia sobre quem são estes novos possíveis inimigos e a história dos reinos antes escondida dela. As batalhas, por sua vez, parecem estar à espreita, escondidas em planos futuros ou numa faísca de desacordo. Mesmo assim, Venda é um local marcado pela dor e pela violência. Lia vê que seu povo pouco pode e é deixado fazer pela sua segurança ou seus direitos. Punições são pesadas e a ignorância deles é cultivada como o mais saboroso dos alimentos.
A magia, de resto, ainda é algo sutil – e eu desconfio que será durante toda a história – e está focada, é claro, no dom de Lia. Sua curiosidade sobre a história dos reinos e sobre a política local revela novos horizontes para seu poder e a princesa precisará aprender a mexer com ele, a ler pelas linhas ocultas de visões e sensações. Acompanhar Lia abraçando sua capacidade e desafiando seus próprios limites é algo bem incrível de se ler.
Consequentemente, não consigo não admirar mais e mais Pearson pela construção daquele universo. Em geral, ele não é grande como algo de Tolkien ou George R. R. Martin, mas ele é tao belamente tecido que não é difícil de se encantar por ele. O visual dos reinos é muito bem descrito, sem ser cansativo, e nos transporta facilmente para cada cena nova. Além disso, a formação cultural que difere os habitantes dos três reinos, com seus costumes e modos de agir diferentes, que também é muito interessante e bem feita. Não fica difícil se inserir no mundo de Lia, Kaden ou Rafe – mesmo com capítulos que seguem cada um uma voz.
As vozes, por sua vez e fim, cresceram muito desde o primeiro livro. Cada um desse triângulo amoroso – que é muito, mais muito mais do que simplesmente um romancinho besta (temos grandes questões políticas envolvidas*) – parece amadurecer enquanto pessoa e dentro de suas funções. Se no primeiro livro eles soavam infantis e sonhadores, neste foi a hora de manter os pés no chão e descobrir mais sobre onde pisam e sobre si mesmos. Não é de se espantar, portanto, que esta parte da história tenha sido mais sombria e sóbria. Já mencionei os desafios de Lia por aqui, porém Kaden e Rafe acompanham a princesa nessa jornada de autodescoberta e sobrevivência que testou o sentido de lealdade e de perseverança dos dois. É algo muito intrigante de se ler.
*que infelizmente não posso desenvolver nessa resenha porque senão seria uma chuva, uma tempestade de spoilers. Sorry, guys.
The Heart of Betrayal é um livro profundo e bem singular quando comparado a outras trilogias. Gostei de sair do comum e mergulhar num passado e num aprendizado ao invés de grande confusões o tempo todo. Embora elas não aconteçam co frequência, não quer dizer que a autora não deixou um gigantesco cliffhanger para nós no terceiro livro. Gi-gan-tes-co. O gostinho de quero mais é uma fome avassaladora no que diz respeito às Crônicas de Amor e Ódio.