Hoje é aniversário de Dave Grohl e você precisa comemorar com “Saint Cecilia”
O último álbum de estúdio da banda Foo Fighters, Sonic Highways, foi lançado no longínquo ano de 2013. Foi um álbum como sempre muito bem feito e moldado por um projeto super ambicioso e incrível, mas mais sombrio e menos impactante que o penúltimo, Wasting Light. Ainda assim, gente, é Foo Fighters, né? Bora ouvir que é certo de ser algo de qualidade. Sem conseguir se afastar completamente da música é claro, durante as suas férias entre álbuns e turnês eles lançaram o EP Saint Cecilia. Com apenas cinco músicas, esse ep despretensioso fala muito mais sobre a banda do que qualquer fã esperaria de algo tão pequeno.
Criar um álbum é muito mais do que simplesmente gravar as músicas aí e ficar por isso mesmo. Costuma ser um projeto que faz sentido como um todo. Um EP, no entanto, parece ser algo mais simples, sem todo esse preparo. Para o Foo Fighters, contudo, essa regra não se aplica. Saint Cecilia foi gravado no hotel de mesmo nome – que, inclusive, tem esse nome para homenagear a padroeira da música – em Austin, depois de finalizar a turnê Sonic Highways. Em sua carta de despedida (que pelo visto era para um hiato da banda) em 2015, Dave Grohl explicou porque queria fazer isso da forma em que ocorreu e como aquela experiência foi importante para eles (você pode encontrar a carta traduzida no site Foo Fighters Brasil, clicando aqui). O hotel transformado em estúdio se tornou um santuário musical em que a banda ofereceu ao mundo algumas músicas como forma de retribuir o apoio e amor dos fãs, além da possível admiração de qualquer outro ouvinte.
Não só para o hotel e o EP que o nome Saint Cecilia foi dado. A primeira faixa do miniálbum também recebeu esse título e isto faz todo sentido. Sua letra transmite todo o conceito e a atmosfera da produção que acontecia naquele hotel. Explicando porque ali o músico encontrou inspiração e conclusão de uma fase, assim como uma porta aberta para um novo momento.Só era preciso fechá-la com grande estilo. A melodia, por sua vez, remete a um estilo clássico do Foo FIghters, que podemos encontrar por exemplo em Walk, This is a Call e Generator, com suas três guitarras tão específicas a banda. outro fato que remarca isso são os refrões repetidos que enlouquecem a plateia dos shows e montam um dos mais bonitos e impactantes corais que já pude presenciar. Saint Cecilia é extremamente relaciona à identidade da banda, à sua essência, aquele je ne sais quoi que faz o Foo Fighters ser quem eles são.
A segunda faixa, Sean, traz outra característica típica: transformar a tristeza e o aprendizado em algo agitado e contagiante. Sean é uma faixa animada, que chama o público para cantar em conjunto. Ela lembra faixas como Breakout e No Way Back, com suas guitarras e bateria alta tanto quanto a voz de Grohl. Elas são para aqueles momentos em que soltamos um grito de alerta e precisamos de atenção, caso contrário, despencamos. Ansiedade e desespero, mascaradas por uma melodia eletrizante.
Seguimos para Savior Breath. Esta, sim, traz um braço da banda que é totalmente voltada para o heavy metal, com gargantas estouradas entrelaçadas aos instrumentos mais que nunca. E assim como White Limo, sua companheira em gênero e estilo, trabalha uma mensagem sobre raiva, vingança e relacionamentos. É forte e impactante, pede para ser gritada ao invés de cantada, para tentar alcançar o poder vocal de Grohl – coisa que meros mortais como eu não tão nem perto de conseguir, mas a gente grita mesmo assim.
Chegamos a Iron Rooster. Em determinado momento da carreira, o Foo Fighters desacelerou e bolou um álbum mais tranquilo, com acústicos, dedicado ao violão. Dele nasceu Skin and Bones, profunda em sua batida marcada e diferenciada de tudo o que a banda tinha apresentado. É esse o espírito que Iron Rooster transporta para a sua mente quando a ouvimos. É o momento de calma do EP, propício a reflexão. E é claro isso é proposital. A sua letra questiona os caminhos que tomamos na vida, arrependimentos e sonhos realizados. Entrou para a lista de músicas mais bonitas da banda fácil, fácil.
Para fechar, temos The Neverending Sigh. Esta evoca uma das características mais legais e marcantes da banda: os solos de guitarra (às vezes, baixo) introdutórios. Quem é fã há mais tempo não consegue não mergulhar nas introduções de The Pretender. E All My Life? Bridge Burning? Tantas outras… A letra parece um retrato de um cansaço que talvez tenha sido o que a banda estivesse sentindo na época com suas longas turnês, ou nascido de alguma experiência exaustivas. Mas, assim como a letra, a melodia passa essa exaustão e explode nos nossos ouvidos potente e cheia de significados.
Em resumo, o EP é como um pedacinho da banda para a gente. Não de um álbum, mas do próprio Foo Fighters. Essa é a sensação de uma fã que agradece muito por esse presente, Dave, assim como eu acredito muitos outros também. Se você ainda não está entre eles, ouça o EP abaixo e mude de ideia. Vale a pena ser fã de uma banda tão boa.