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Crítica | “Manchester à Beira-Mar” e a sua superestimação

Sabe quando você está na frente da tv passando canais e esbarra num filme qualquer? Normalmente, é algum drama de tom sóbrio que você nunca ouviu falar. Eu imagino que Manchester à Beira-Mar tenha esse futuro nos próximos anos. O filme traz a história de Lee Chandler (Casey Affleck), um irritadiço e apático zelador faz-tudo de Boston que recebe a notícia da morte do irmão em Manchester e precisa organizar o funeral. Ao chegar em sua cidade natal, ele reencontra sua família, resumida agora ao seu sobrinho, Patrick (Lucas Hedges), e um passado traumático que ainda o assombra.  Agora, ele precisa lidar com o futuro de Patrick e os planos para o funeral de seu irmão sem surtar – o que não é nada fácil ou simples para o protagonista.

E aí, nós vamos a primeira impressão sobre o tão aclamado drama: cadê a originalidade? Não é uma história inovadora e em poucos momentos demonstra qualquer singularidade que confira ao filme um tom especial. Nós temos um protagonista com problemas com violência que precisa ultrapassar esse obstáculo para tomar conta do sobrinho, sendo que este é um adolescente cheio de si que não sabe se expressar. Além disso, é claro que seus problemas psicológicos atuais são causados por alguma tragédia anterior . Único ponto que para mim foi instigante na história, que poderia ser trabalhado melhor, mas, quando finalmente é, os envolvidos não conseguem manter uma frase completa e evitam uma conversa de verdade.

O que nos leva ao segundo ponto: por que diabos Casey Affleck está levando tantas indicações a premiações? Como espectadora, eu não me senti movida pela sua interpretação em nenhum momento. Nem mesmo em seus breaking downs, como alguns encaram como o tipo de cena que confere estatuetas a atores, eu enxerguei mudança. Ele saía de apático em silêncio para apático gritando.  Então, em qual momento foi que ele mexeu tanto com os críticos assim? Michelle Williams aparece mil vezes menos que ele, trabalhou enormemente melhor e merecia o mesmo fuzuê. Inclusive, Lucas Hedge consegue nos envolver muito mais com seu personagem, uma vez que temos raiva, estranheza e compreensão simultaneamente.

Por fim, pela parte técnica não há nada de mais. O filme tem uma fotografia constantemente sóbria e acinzentada, que corresponde ao clima da cidade de maneira esperada. O roteiro não tem nada, absolutamente nada de interessante ao meu ver, mas confesso que não entendo muito sobre essa parte. E a direção foi um tanto simplória ao meu ver, arriscando-se somente nos momentos de flashback. Em suma, é um filme mediano confundido por uma grande obra prima.

Ficha Técnica: 

Título original: Manchester by the Sea | Direção: Kenneth Lonergan | Ano: 2016 | Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Lucas Hedges, Gretchen Mol

Apaixonada por música, cinema, moda e literatura, história mundial e andar de bicicleta. Sonha em ter muitos carimbos em seu passaporte.

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