5 motivos para ler e ver Pequenas Grandes Mentiras
Quando a gente pensa em donas de casa, infelizmente, tende a pensar naquelas figuras hiper arrumadas dos anos 50, vivendo para seus maridos em suas saias acinturadas e rodadas e seus batons vermelhos. As mulheres lutam cada vez mais por sua independência e pela igualdade entre os sexos, mas algumas coisas como a educação dos filhos ainda é visto como uma responsabilidade feminina e somente feminina. Em Pequenas Grandes Mentiras, Liane Moriarty traça um panorama da vida de algumas mães de classe média alta em que a vida aparenta ser perfeita – uma ainda mais que as outras -, mas qualquer vento pode derrubar esse estandarte da perfeição e revelar segredos obscuros, seja uma acusação de bullying até uma morte dentro da escola de seus filhos.
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Motivo #1: As mulheres por trás dos filtros são de verdade
Tanto no livro quanto na série, as mulheres, amigas e mães, fogem de estereótipos comummente explorados na ficção. Elas não são donzelas indefesas, nem são totalmente fortes e guerreiras. Cada uma tem suas virtudes e suas falhas, como todas nós, não é mesmo? Um ponto interessante que diferencia o original da adaptação é o plot de Madeline, vivida na série por Reese Whiterspoon (Legalmete Loira, Livre). Uma certa reviravolta acaba suavizando as aparências de perfeição do seu caso e a humaniza, o que deixou o seu núcleo bem mais interessante e emocional. Jane, interpretada por Shailene Woodley (Divergente, A Culpa é das Estrelas), é uma personagem bem adaptada que ganhou também o seu toque a mais: com o tempo, a gente percebe que a vingança permeia qualquer mente. Celeste, por Nicole Kidman (Moulin Rouge, Dogville), é a esposa imaculada das aparências, mas esconde um segredo doentio. Outra diferença entre os dois que agrada é a maior quebra com o estereótipo de mãe atingida e justiceira que é Renata, mãe da menina que sofreu o bullying. Na série, ela representa uma boa parte das mulheres do mundo que precisam equilibrar a vida de casa com o trabalho, mirando nos dois alcançar o sucesso.
Motivo #2: Que elenco, senhoras e senhores! Que elenco!
O trio de protagonistas souberam incorporar cada traço de personalidade das personagens moldadas por Liane Moriarty com maestria, assim como suas reações para com os desafios das suas vidas, do enredo. Me surpreendi com Woodley e a sua profundidade, seu comprometimento e sua forma de mostrar a força de Jane em seguir em frente a cada desafio por mais calada que seja. Reese Whiterspoon estava magnífica como sempre e entregou uma Madeline – se duvidar – melhor que a do livro. Fiel ela estava, sem exageros e sem torná-la em algo parecido com uma patricinha que revoluciona a faculdade de direito. A escalação do elenco como um todo é fantástica. Laura Dern, Zöe Kravitz, Adam Scott e outros mais deixaram a série rica e viciante. Contudo, eu ovaciono e idolatro Nicole Kidman. Celeste vive um plot muito complicado, oscilando entre felicidade aparente e dores e sofrimentos profundos, e a atriz soube nos dar a melhor versão que nós poderíamos sonhar para a personagem. Pode levantar e bater palmas de pé sem medo.
Motivo #3: Uma história atual e bem desenvolvida
Dramas familiares, tanto na literatura quanto na TV, costuma se fechar nisso. Os problemas entre os parentes e amigos são o centro do mundo e mais nada acontece ao redor. Esse é o diferencial de Pequenas Grandes Mentiras: o cotidiano de cada uma dessas pessoas é impactado por uma tragédia que faz vizinho se voltar contra vizinho, amigo contra amigo. Todos são suspeitos e as horas estão contadas para os numerosos segredos que permeiam aquela comunidade dentro das suas quatro paredes. Foi um combinado melhor do que aqueles de comida japonesa, que faz você devorar os poucos sete episódios da série. Como se isso não fosse o suficiente, é muito fácil identificar problemas e situações do nosso dia-a-dia nos deles. Claro que não todos, mas ainda assim você poderia se assustar com o que passa na mente daquelas pessoas a quem você dá bom dia todos os dias. Falar com o público com uma história contemporânea foi um dos segredos para o sucesso do livro e da série.
Motivo #4: A técnica, mis amigos, é espetacular
É muito fácil falar sobre fotografia em programas de tv ou filmes já que sempre chama bastante atenção quando se destoa. O caso de Big Little Lies se encaixa perfeitamente nisso. A direção de fotografia conseguiu explorar as paisagens maravilhosas da Califórnia (novo cenário para a história que no livro se passa na Austrália), dando uma nova roupagem que ofusca de tão bonita que ficou. Além disso, o clima das cenas, em cada momento específico da história, é muito bem arquitetado com a fotografia. E é aí que entra a montagem. Nós nos deparamos com cenas do passado, da investigação e com memórias. Cada uma tem uma cor, um tom e um objetivo. As cenas mais fortes são tratadas com meios que não tiram importância delas, mas que as esconde para não se tornarem gatilhos fortes. Enquanto o roteiro é algo tranquilo, a qualidade do elenco o deixa efervescente. É bonito de se ver. Tudo funciona tão bem e não foi nenhuma surpresa quando a série foi indicada a vários Emmys (e ganhou cinco deles, incluindo o de Melhor Série Limitada, Melhor Atriz de Série Limitada para Nicole Kidman e Melhor Atriz Coadjuvante de Série Limitada para Laura Dern).
Motivo #5: É uma série rápida e uma boa adaptação
A parte poucas mudanças do que está escrito por Liane no livro, a série é bem fiel ao original. Tudo o que foi modificado, ao meu ver, só serviu para enriquecer a história. O deslocamento para a América me pareceu o único desvio que não foi por um motivo artístico e sim, funcional. O je ne se quois de Madeline, a maior complexidade de seu marido Ed, a batalha de Celeste, a sede de vingança de Jane, a humanidade de renata… Tantas coisas que deixaram seus sete episódios na sua única temporada incríveis. Um final de semana é o ideal para devorar esse trabalho fantástico. Se é uma série curta e boa que você procura, acabou de achar.
Ficha Técnica
Título: Pequenas Grandes Mentiras | Autora: Liane Moriarty | Tradução: Adalgisa Campos da Silva | Editora: Intrínseca | Páginas: 400 páginas | ISBN: 9788503012928 | Adicione: Skoob – Goodreads