Para Sir Philip Com Amor – Os Bridgertons | Resenha
Seria muito difícil conseguir superar o livro anterior, que conta a história de Colin e Penelope. É compreensível que o quinto livro, Para Sir Philip Com Amor, fique ofuscado depois do quarto que, em minha opinião, é o melhor da série. O que me surpreende é Julia Quinn não ter conseguido acertar tanto aqui quanto acertou nos outros. Existem tantas coisas que deixam a desejar, que o livro todo acabou sendo uma decepção.
Reviravolta em Para Sir Philip Com Amor
Ao passo que Os Segredos de Colin Bridgerton é leve e divertido, Para Sir Phillip com Amor começa com uma carga de drama muito mais intensa, que ainda não tinha sido vista nos quatro livros anteriores. Sir Phillip é um viúvo, formado em botânica e com dois filhos dos quais não sabe como se aproximar ou criar, apesar de amá-los muito. Ele era casado com uma prima distante da família Bridgerton e, sendo Eloise conhecida por ser uma excelente correspondente, ao mandar as condolências ao recém-viúvo, os dois começam a desenvolver um contato a partir de cartas, tornando-se amigos. Eloise não espera se casar, ela já tem 28 anos e é considerada uma solteirona, mas ao ver a melhor amiga se casar e na mesma época receber de Sir Phillip a proposta de passar uma temporada em sua propriedade, começa a rever sua decisão sobre casamento.
Eu já falei isso, e elogios precisam ser repetidos. Eu amo a forma como Julia Quinn constrói os personagens no livro anterior para que fiquemos curiosos sobre a sua história, e também a acho muito cuidadosa com eles. Eloise participou ativamente da história de Colin e Penelope e fiquei ansiosa para conhecê-la melhor no seu próprio livro. O problema é que ela construiu uma personagem muito maravilhosa, e um par para ela absolutamente insuportável.
Não tem o melhor casal…
Sir Phillip é, antes de tudo, um chato. Reconheço que nós precisamos ter um pouco de paciência com os personagens de livros dessa época, pois além da terapia ainda não ter sido inventada, sabemos que o machismo e o pudor eram excessivos. Eloise é ótima com crianças e sir Phillip acredita que ela pode se tornar a mãe dos seus órfãos e ainda a senhora da casa, coisas que ele precisava para tirar o enorme “fardo”, que são as tarefas femininas, das suas costas.No final das contas, Sir Phillip é apenas um homem da sua época, vindo do campo e possuidor de uma visão completamente obtusa das coisas, o que não combina em nada com o jeito aventureiro e determinado de Eloise. Tudo bem que os opostos se atraem, mas também podem não combinar, deixando a relação um pouco forçada.
E Eloise?
Eloise saiu de casa procurando por amor, e esse pensamento sempre permeia as suas decisões. É irritante como ela é boa parte do tempo reduzida a uma pessoa que Sir Phillip apenas precisava no sentido prático, mas não no sentimental. Esse é um problema que a própria Eloise se dá conta, mas a autora acaba resolvendo com superficialidade.
A parte mais divertida de todo o livro é quando os quatro irmãos Bridgerton aparecem juntos em um determinado momento da história. Isso só prova o quanto a família que a autora criou funciona unida, e o quanto estava entediante o romance entre Eloise e Phillip. Não consigo nem pensar no tédio que seria se não houvesse a intervenção dos outros Bridgertons na história, para dar um gás de vez em quando, pois pode ter certeza que toda vez que outro membro da família aparecia, as coisas ficavam mais emocionantes. De todos os livros, esse foi o mais difícil de terminar a leitura. O ritmo da história se perde na antipatia do personagem principal (ninguém me tira da cabeça que Eloise merecia coisa melhor). E como se não fosse o suficiente, o cenário é completamente entediante, ao invés da cidade bastante ativa e cheia de personagens conhecidos, estamos agora no campo e não há um baile sequer (desculpem, mas para mim nos bailes acontecem os momentos mais emocionantes).
Julia Quinn, eu realmente não sei o que aconteceu com você nesse livro, mas espero que isso não aconteça nos próximos.
Ficha Técnica:
Título: Para Sir Philip, com amor | Autora: Julia Quinn | Tradução: Viviane Diniz | Páginas: 287 | Editora: Arqueiro | ISBN-13: 9788580413625 | ISBN-10: 8580413621 | Ano: 2015
